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Indústria tradicional paulista desiste de exportar e cria deficit

Em 2006, exportações do Estado venciam importações em US$ 9 bi; hoje, importações são US$ 18 bi maiores

Balança comercial de SP mostra dificuldades da indústria; bicicletas, lavadoras e vestuário simbolizam o problema

RICARDO MIOTO DE SÃO PAULO

Entre 2006 e 2012, a exportação de máquinas de lavar fabricadas no Estado de São Paulo caiu 77%. Foi feia também a queda do vestuário (52%) e das bicicletas (87%)

Por outro lado, as importações desses produtos subiram respectivamente 525%, 531% e mais de 800%. Esses três tradicionais setores da indústria paulista contam a história de uma tendência mais geral.

Em 2006, o Estado tinha um superavit na balança comercial de US$ 9 bilhões --ou seja, as exportações excediam as importações. De lá para cá, a situação se inverteu. Hoje, o Estado é deficitário em US$ 18 bilhões ao ano.

A balança comercial paulista serve como termômetro da situação industrial do país, tanto na exportação (o Estado ainda é o centro industrial nacional) quanto na importação (o Estado é a sede de muitas importadoras).

CAUSAS DA MUDANÇA

O consultor Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior do governo federal, cita, entre outras, três causas para essa rápida mudança:

1) O aumento da renda no país sem aumento correspondente dos investimentos (e da produção) fez com que os consumidores passassem a se saciar com importados.

2) A infraestrutura (como portos) ficou congestionada, minando a competitividade. Com pleno emprego, a mão de obra também encareceu.

3) Depois da crise internacional de 2008, o mercado global se complicou. Com o consumo americano e europeu contido, produtos que antes iam a esses mercados inundaram países como o Brasil.

Há ainda uma discussão sobre o papel do câmbio valorizado nessa mudança.

Roberto Giannetti, diretor de comércio exterior da Fiesp, federação das indústrias do Estado, diz que ele "é o pior dos problemas" --moeda valorizada significa importação barata e exportação cara.

"São Paulo é o Estado mais penalizado pelo câmbio valorizado. A baixa competitividade dos nossos manufaturados não tem a ver com a gestão das empresas, com a nossa referência tecnológica ou mesmo com a qualidade de mão de obra, que tem um padrão razoável de produtividade."

Economistas mais liberais podem discordar.

Para Rodrigo Constantino, fundador do Instituto Millenium, "a taxa de câmbio é apenas mais um fator [da baixa competitividade], e nem de perto o único ou o mais importante".

Para ele, tanto quanto resolver os problemas estruturais, é preciso reforçar os incentivos para que nossas empresas busquem maior eficiência. "Só a competição coloca a devida pressão nos empresários."

Outra opção para reduzir a concorrência externa, que o governo tem utilizado, é aumentar impostos de importados. Giannetti vê como "um erro para corrigir o primeiro [o câmbio]".

Constantino também critica: "É um tiro no pé. Ajuda alguns amigos do rei, mas faz empresário investir mais em lobby em Brasília do que em competitividade".


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