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Análise
Resultado do leilão reflete as dificuldades nas obras
ADRIANO PIRES ESPECIAL PARA A FOLHAO leilão de transmissão realizado ontem em São Paulo terminou com um deságio de 11,96%, sendo que dos dez lotes ofertados no certame, quatro foram encerrados sem interessados e devem entrar nos próximos leilões.
Dentre as linhas que não foram concedidas estão algumas que deveriam complementar o escoamento da energia proveniente das usinas do rio Madeira.
A falta de interesse deve ser reflexo do baixo retorno vis-à-vis o risco do investimento, uma vez que vários empreendimentos enfrentam dificuldades ambientais, fundiárias e ligadas à questão indígena.
A grande questão relacionada às linhas de transmissão está no atraso da conclusão das obras.
A hidrelétrica Santo Antônio, em Porto Velho (RO), por exemplo, encerrou 2012 com 9 das 27 turbinas funcionando, mas sem entrar em operação, pois a linha que vai levar a energia gerada para o Sistema Interligado Nacional ainda não está pronta.
Assim, o mercado deixa de receber 644 megawatts (MW) de eletricidade, o suficiente para abastecer cerca de 3 milhões de residências.
Estima-se que 57% dos empreendimentos de transmissão estão com atraso. São 238 linhas e subestações com problemas ambientais e outros questionamentos.
A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) anunciou medidas que, em tese, deveriam impor restrições à participação de empresas que passaram a ostentar atrasos em seus currículos.
Na prática, porém, essas medidas foram insuficientes e permitiram a participação de empresas que claramente não têm cumprido o cronograma em suas obras.
O atraso e o número insuficiente das linhas de transmissão são apenas mais uma das questões que estão por trás do complicado cenário do setor elétrico do Brasil.
O Brasil possui um diversificado conjunto de fontes energéticas, como gás natural, biomassa e carvão.
Elas poderiam ser aproveitadas em empreendimentos geradores com localização mais próxima aos centros consumidores, diminuindo a extensão das linhas de transmissão e tornando o processo mais barato, eficiente e seguro.