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Clube dos bilionários está se tornando menos exclusivo
Ranking descobre 90 'bilionários ocultos' ignorados pela Forbes
O príncipe Alwaleed bin Talal está insatisfeito com a revista "Forbes" e a acusa de preconceito ao estimar sua fortuna em US$ 20 bilhões (e não US$ 28 bilhões) --o que lhe confere um reles 26º posto entre os 1.426 bilionários do planeta.
O investidor saudita rompeu seu "longo relacionamento com a lista de bilionários da Forbes'" e decidiu buscar consolo no ranking Bloomberg Billionaires.
Mas por que o príncipe se incomoda tanto com isso? E a resposta é: porque quase todos nós também o fazemos.
A lista de bilionários é o conteúdo mais popular e mais lucrativo da "Forbes" e a Bloomberg tem tentado superar a concorrente --descobrindo 90 "bilionários ocultos" desde o ano passado.
Os ricos exercem fascínio e há todo um setor de gestores de patrimônio, advogados e consultores tributários que existe para atendê-los.
Alguns dos nomes da lista de bilionários --entre os quais diversos líderes do setor de tecnologia-- são grandes empreendedores. Outros são oligarcas e alguns são só sortudos ou bem nascidos.
A lista dos 100 mais ricos da Bloomberg inclui muita gente que criou seus negócios com talento e imaginação, como Sergey Brin e Larry Page do Google, Jeff Bezos da Amazon e Stefan Persson da Henes & Mauritz.
Mas a categoria dos bilionários que "subiram pelo próprio esforço" inclui riqueza russa e do Oriente Médio, adquirida mais por oportunismo e proximidade com o funcionário público certo do que por competência.
Carlos Slim, o homem mais rico do mundo, teve sua grande oportunidade ao adquirir a companhia mexicana de telecomunicações Telmex, em processo de privatização realizado em 1990.
"Slim fez fortuna na economia mexicana em larga medida devido às suas conexões políticas", argumentam Daron Acemoglu e James Robinson, autores do livro "Why Nations Fail".
É impossível distinguir com clareza entre os "bons" e "maus" membros da elite. Como diz James Lawson, diretor da Ledbury Research: "Para ser um bilionário, você precisa ser uma pessoa bastante excepcional."
Para alguns, essa ansiedade quanto ao status ao menos tem um propósito --extrair o máximo possível das pessoas que estão em melhor situação para doar.
Um incentivo que satisfaça o ego dos mais ricos entre os ricos com o objetivo de estimulá-los a doar é preferível a ter um príncipe saudita irritado por seus ativos estarem subestimados.
Mas uma coisa é clara: tornar-se bilionário ficou mais fácil do que costumava ser. O príncipe reagiu insistindo em seu direito ao posto que costumava deter.
Seria melhor que o príncipe, que tem uma fundação filantrópica, desviasse sua atenção a um clube de maior dignidade: o dos bilionários que doam sua riqueza. Nesse, ainda resta vaga para ele.