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Consumo, último motor a dar força à economia, agora rateia
Depois de carregar praticamente sozinho o PIB em 2012, consumo das famílias cresce 0,1%
Inflação, alta do endividamento e retirada gradual de incentivos fiscais são apontadas como causa
Quando se dava como certo um resultado capaz de mostrar que o pior havia passado, o último motor da economia do país rateou.
Depois de carregar praticamente sozinho o crescimento do Produto Interno Bruto no último ano, o consumo das famílias ficou estagnado no trimestre passado.
Mesmo com desemprego e taxas de juros em níveis historicamente baixos, o volume de compras de janeiro a março foi quase igual ao de outubro a dezembro --o crescimento captado pelo IBGE foi de exato 0,1%.
Trata-se, de longe, da menor taxa em um ano e meio, ou seja, desde que o governo Dilma Rousseff deixou o combate à inflação em segundo plano e editou sucessivos pacotes de alívio tributário e estímulo ao crédito.
A própria inflação, no entanto, agora é a principal suspeita de tirar o apetite dos consumidores, em especial devido à escalada recente dos preços dos alimentos.
Outras hipóteses levantadas são a alta do endividamento e a retirada gradual de incentivos oficiais, como no caso da tributação de móveis e eletrodomésticos.
Qualquer que seja a explicação, os números divulgados ontem mostram que tanto o governo quanto os analistas de mercado subestimaram mais uma vez a letargia na qual mergulhou a economia brasileira.
Com exceção da agropecuária, que responde por apenas cerca de 5% do PIB nacional, os principais setores e transações tiveram desempenho abaixo das expectativas mais consensuais.
Mesmo a esperada recuperação dos investimentos --gastos em obras de infraestrutura e compras de equipamentos-- foi insuficiente para encorajar apostas numa expansão mais consistente daqui para a frente.
Eles somaram 18,4% do PIB, ante 18,7% há um ano, 19,5% há dois e os 25% considerados necessários por governo e especialistas para ampliar a capacidade produtiva e acelerar a economia sem incentivar a inflação.
Setor mais afetado pela crise internacional, a indústria manteve a trajetória de encolhimento iniciada em 2011; os serviços, mais estáveis, mantiveram o crescimento, mas em ritmo modesto.
Já a produção destinada ao mercado externo sente o impacto do desligamento de outro motor do crescimento econômico nos últimos anos: o fim do ciclo de alta dos preços de produtos básicos como ferro e soja.
O cenário global adverso, porém, explica apenas parte da paralisia: com a revisão das projeções para o ano, o crescimento brasileiro deve novamente ser um dos mais fracos entre os emergentes.