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Pibinho com inflação alta cria dilema
Equipe de Dilma avalia que crescimento de apenas 0,6% faz com que o cenário do próximo ano inspire cuidados
Preocupação no Planalto é que o PIB deste ano fique abaixo dos 2,7% do primeiro mandato da presidente
O governo Dilma classificou, reservadamente, como "muito ruim" o crescimento de apenas 0,6% no primeiro trimestre de 2013.
Abaixo do 0,9% projetado internamente, o resultado explicitou o grande dilema da presidente na véspera do ano eleitoral: como sair da armadilha do baixo crescimento com inflação ainda elevada.
Cresceu no Palácio do Planalto, por sinal, a preocupação de que o desempenho da produção nacional (PIB) em 2013 fique abaixo do registrado no primeiro ano de mandato da petista, de 2,7%, o que será usado como munição contra Dilma na sua campanha pela reeleição.
Até aqui, a petista tem desempenho fraco no quesito crescimento econômico. A média dos dois primeiros anos de mandato foi de 1,8%, abaixo dos dois mandatos de FHC (2,4% e 2,1%) e dos dois de Lula (3,5% e 4,6%).
Por isso, para assessores presidenciais, o BC deveria subir os juros no mesmo ritmo do mês passado, em 0,25 ponto percentual. O receio é que uma dose elevada pode comprometer o dado mais comemorado pelo governo nos números de ontem, o aumento dos investimentos, desacelerando a economia.
Só que, à noite, o BC intensificou o ajuste e subiu a Selic em 0,50 ponto, fazendo o juro ficar em 8% ao ano.
O governo acreditava que o PIB subiria entre 0,8% e 1,1% no primeiro trimestre, mais possivelmente 0,9%.
Resultado que, na avaliação da equipe da presidente, garantiria um crescimento anual acima de 3%, considerado como bom para os planos políticos do PT.
Essa taxa, porém, já é vista como difícil de ser atingida depois do número divulgado ontem pelo IBGE, que aponta para um crescimento mais provável na casa de 2,5% neste ano.
No ano passado, o ritmo do PIB já havia decepcionado a presidente, ao ficar em 0,9%.
EQUILÍBRIO DELICADO
O grande dilema do governo, segundo assessores, é que o espaço para o governo buscar reverter essa tendência de PIB fraco vai ficando cada vez menor à medida que Dilma se aproxima da reta final do seu mandato no Planalto.
De um lado, a inflação ainda segue elevada e recua num ritmo aquém do recomendável. Foi um dos motivos do ritmo fraco da economia, afetando o consumo das famílias, que veio baixo no primeiro trimestre.
De outro lado, o dólar voltou a se valorizar frente o real e tende a se manter elevado por causa do cenário de recuperação dos Estados Unidos e de desaceleração da China.
Dólar mais caro vai gerar pressões inflacionárias em curto e médio prazos. Foi, inclusive, um dos responsáveis pelo aumento da inflação no ano passado, depois que o governo buscou colocar a taxa de câmbio acima de R$ 2.
Segundo assessores, neste momento a prioridade do Planalto continua sendo garantir um recuo da inflação, hoje de 5,49% na taxa acumulada até o mês de abril.
Em alta, ela pode representar um risco maior à candidatura de Dilma do que um crescimento fraco da economia brasileira, pois diminui o poder de compra dos consumidores/eleitores.
O temor é a inflação não recuar e o crescimento patinar ainda mais, o que passaria a afetar também a baixa taxa de desemprego, outro trunfo da presidente para sua campanha eleitoral em 2014.
Nas palavras de um assessor, o cenário do próximo ano passou a inspirar cuidados.