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Câmbio não cabe à OMC, diz Azevêdo

Para brasileiro, entidade que dirigirá a partir de setembro não tem competência nem jurisdição para tratar tema

Posição contrasta com pleito de Brasília contra guerra cambial, que diplomata defendeu quando embaixador

PATRÍCIA CAMPOS MELLO DE SÃO PAULO

A Organização Mundial de Comércio não tem "competência nem jurisdição" para tratar da questão cambial, afirmou ontem o brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral eleito da entidade.

Segundo Azevêdo, a desvalorização cambial é consequência de medidas tomadas por governos nacionais, nas quais a OMC não tem competência para interferir: "A OMC trata estritamente da área comercial. A questão cambial é muito mais ampla", disse em seminário no jornal "Valor".

As declarações colidem com iniciativas do governo brasileiro, que tem defendido que a OMC aja para conter a desvalorização de moedas nacionais como ferramenta de comércio exterior.

Azevêdo foi eleito em maio com apoio instrumental da China, que se opõe à inclusão do tema na pauta da OMC e, com os EUA, é a maior acusada de manipular o câmbio.

O embaixador evocou o histórico, afirmando que as decisões durante as crises cambiais foram todas tomadas por chefes de Estado, não por instituições multilaterais.

"A OMC pode dar um tratamento tópico, até analítico, mas não vejo como esperar que uma organização que trata de comércio cuide de um tema tão amplo", disse.

Ele evitou chamar de "guerra cambial" as medidas da China e dos EUA que resultam em desvalorização de suas moedas. "A taxa de câmbio flutuante oscila dentro de certos limites, estabelecidos por cada governo. Se isso é guerra cambial, eu não sei."

Para Roberto Giannetti da Fonseca, diretor de comércio exterior da Fiesp, Azevêdo foi cauteloso. "Ele tem que ser cuidadoso, mas esperamos que persiga a agenda de câmbio. Ele não pode ignorá-la."

Azevêdo derrotou outros oito candidatos, entre eles o mexicano Herminio Blanco, que tinha o apoio da União Europeia e dos Estados Unidos. Os emergentes foram essenciais para sua vitória.

O diretor eleito ressaltou também a grande influência das oscilações cambiais sobre as negociações comerciais. "Hoje, no Brasil, se o atual patamar de cambio se estabilizar, teremos um tipo de negociação comercial; se a desvalorização se mantiver, será outro tipo", afirmou.

"Quando as oscilações cambiais ganham velocidade, muda totalmente a dinâmica do mundo comercial."

O principal desafio de Azevêdo, que assume em setembro, será a reunião ministerial de Bali, no fim do ano, quando quer resgatar a "relevância" da OMC. "Com a paralisia do sistema, ele se desgastou, e hoje muito pouca gente acompanha de perto o que a OMC faz."

Já a expectativa de acordo, porém, é que ele envolva somente temas menos complicados, o que deixaria para depois questões espinhosas como a do acesso a mercados


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