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Empresa que faz estudos para concessões é alvo de investigação

Ministério Público e TCU apuram suposto privilégio dado pelo governo à EBP, que pertence a bancos

Segundo denúncia, nos estudos para Galeão e Confins, concorrente só foi autorizada a iniciar projeto 27 dias após EBP

DIMMI AMORA DE BRASÍLIA

A EBP (Estruturadora Brasileira de Projetos), empresa que pertence a nove grandes bancos privados e oficiais, está sendo investigada por suposto privilégio do governo na elaboração de estudos que subsidiam o setor público na realização das concessões públicas. Ministério Público e TCU (Tribunal de Contas da União) apuram denúncias.

A EBP já fez as modelagens das concessões de aeroportos, portos e estradas no governo federal, além de trabalhos para governos estaduais para concessões de estádios, obras de saneamento e hospitais. Os projetos apontam os valores a serem pagos pelos concessionários, os prazos da concessão e o tipo de obra a ser feita.

A empresa foi criada em 2008 a partir de uma proposta do BNDES. A ideia foi criar uma companhia de elaboração de projetos de concessão de forma a evitar problemas observados em outras concorrências pela falta de bons estudos e alavancar oportunidades potenciais de financiamento para os bancos.

AEROPORTOS

Em 2011, na concorrência dos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília, o governo abriu um prazo para que qualquer empresa se habilitasse a apresentar estudos para a concessão. A EBP foi a única a entrar no processo.

Mas, nas concessões posteriores de portos, aeroportos e estradas, iniciadas no ano passado, o modelo mudou.

A EBP foi diretamente autorizada a iniciar os estudos por ato do governo, o que lhe abria o acesso a dados e documentos. O mesmo ato abria a possibilidade de outras empresas pedirem autorização para o trabalho que a EBP já começara, com vantagem.

Nos estudos para Galeão e Confins, a IQS apareceu para disputar com a EBP. Mas só foi autorizada a iniciar o projeto 27 dias depois da EBP, segundo denúncia apresentada pela empresa ao TCU. A EBP teve 78 dias para seu trabalho, e a concorrente, 49.

No caso da concorrência dos portos, a EBP já estava trabalhando para o governo ao menos 40 dias antes da autorização oficial, de acordo com documento ao qual a Folha teve acesso.

Se houvesse concorrente, o que não aconteceu, ela começaria a trabalhar 20 dias depois da autorização da EBP, no mínimo. Detalhe: nesses 20 dias, a companhia teria que apresentar um plano de trabalho para estudar 163 terminais portuários.

A EBP é remunerada pelo vencedor da concessão e, portanto, só recebe se o processo for concluído. Pelos estudos da atual rodada de concessão de portos, rodovias e aeroportos, a companhia pretende receber R$ 127 milhões.

Pelos dois aeroportos, o governo a autorizou a receber R$ 19 milhões. A Folha apurou que, no mercado, esses estudos custam de R$ 1 milhão a R$ 3 milhões, em média.


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