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Entrevista - Sergio Risola

Poucos alunos inscrevem projetos em incubadoras

SOBRA, PORÉM, DINHEIRO NO MERCADO À PROCURA DE BONS PLANOS DE NEGÓCIOS, AFIRMA DIRETOR DE INCUBADORA LOCALIZADA NA USP

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Diretor do Cietec, uma das principais incubadoras de negócios do país, localizada dentro do campus da USP desde 1997, Sergio Risola, 64, diz que na verdade ele é o CEO da instituição.

No caso, "Chief Equilibrist Officer" --algo como "diretor equilibrista"--, por causa da quantidade de empresas que tem para acompanhar. São 130 empresas iniciantes de setores como biotecnologia, saúde, nanotecnologia, tecnologia da informação, engenharia, entre outros.

Em entrevista à Folha, Risola, que também preside a Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), diz que o empreendedorismo tem se desenvolvido em todo o país, porém ainda falta mais atenção dos universitários para o tema.

(FILIPE OLIVEIRA)

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Folha - Como o sr. vê o desenvolvimento do empreendedorismo de inovação no Brasil?
Sergio Risola - Está havendo um crescimento no Brasil todo. Veja o caso da Anprotec. A gente sempre reúne 800 pessoas anualmente para um seminário. Neste ano, porém, devemos chegar a 2.000 pessoas.
O movimento das start-ups ligadas a inovação em vários tipos de tecnologia está muito forte. Tem start-up de meio ambiente, de eletrônica, de saúde, de química.
O Cietec continua muito privilegiado por sua localização. Mas vemos coisas acontecendo fora do eixo Rio-São Paulo. Tem o Porto Digital em Pernambuco, e o ambiente de Minas Gerais vai muito bem, é o Estado que está organizando melhor esse modelo de start-ups de tecnologia.

O que está impulsionando esse crescimento?
O país está com um mercado consumidor importante.
Além disso, houve algum sucesso em arrumar um pouquinho os marcos regulatórios. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) e o Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) fizeram algumas melhorias importantes.
Por essa conjunção de fatores econômicos, o mundo volta os olhos para o Brasil. O dinheiro dos investimentos está vindo para cá, nunca teve tanto recurso solto no mercado procurando empreendedor com um bom plano de negócios.

A academia está tendo mais visão de negócio?
Se a gente observa o que está começando a acontecer dentro de uma USP, tanto pelo lado da Agência USP de Inovação como também pelas ações da Escola Politécnica, vê que está surgindo um Media Lab aqui [em referência ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts].
Nos últimos seis meses, o Cietec foi acionado para ter intervenções dentro da USP como nunca aconteceu.
A USP vem perdendo ponto em escalas mundiais por um gargalo não empreendedor. Vejo que está havendo um esforço para recuperar isso.

No Cietec, quantas das empresas saem da USP?
Um terço, é um número quase histórico que sempre se mantém.

Qual a avaliação do senhor sobre esse número?
Deveria ser maior. Nas diversas faculdades dentro da USP, pedimos que levante a mão quem conhece o Cietec. Apenas dois ou três gatos pingados fazem isso. É uma vergonha...

Faltam aulas voltadas para o empreendedorismo?
Eu acredito que a tendência empreendedora venha do professor. Acho que os alunos só conseguem ter essa veia se o professor for empreendedor e tiver atitudes empreendedora. Se ele não der esse tempero, a classe não vira empreendedora. A não ser aqueles alunos fora da curva.

Que resultados a incubadora conseguiu até o momento?
Quando você vê a sobrevivência, ela é de quase 90% nas 126 empresas que nasceram aqui e foram graduadas --embora seja importante ressaltar que nem todas as empresas que passam por aqui são graduadas no final do período.
Claro que podem acontecer imprevistos, como no caso de a empresa estar embalada em uma nova tecnologia e surgir uma empresa maior que a engole. Ou então uma empresa de duas pessoas em que um morre, como já aconteceu.
Creio que faça a diferença estar em um ambiente desses, com um monte de consultores. A gente vira quase padre dos empreendedores, é quase um confessionário em que a gente fica amigo. Quando brigam, a primeira porta em que batem é na minha para um aconselhamento.

Qual a importância das startups e da inovação?
Em cinco anos as start-ups devem figurar em todos os indicadores de negócios do país. As associações vão ter de criar comitês para start-ups de química, eletrônica.
A agilidade que elas têm é seu fator mais forte, essa a capacidade de atender a novas demandas que aparecem. Elas vão crescer muito e trazer coisas maravilhosas.

Como o senhor avalia o programa Startup Brasil, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação?
Coloco mérito nessa iniciativa. O programa quer selecionar em um espaço de mais ou menos dois anos uma centena de empresas que já estejam com um pé no mercado. A ideia seria alavancar essas empresas com R$ 200 mil.
Trata-se, a meu ver, de um degrau importante. Mas tenho muitas restrições ao imediatismo com que se espera resultados. A quantidade de recursos é pequena para o que se está esperando.


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