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Gangnam style

Reunidos no bairro de Seul que fez fama por outro motivo, jovens ignoram carreira nas tradicionais multinacionais do país e criam "vale do Silício" local

SIMON MUNDY DO "FINANCIAL TIMES"

A família de Jay Mok, 29, ficou chocada quando o jovem, recém-casado, formado por uma das melhores universidades de Seul e com um bom emprego em uma companhia mundial de consultoria, decidiu deixar o emprego e investir todas as suas economias no desenvolvimento de um aplicativo para celulares. Para a família, a carreira de Mok era fonte de orgulho.

"A geração mais velha não compreende bem a tecnologia da informação e o mercado móvel", ele diz. "Pensam que, caso eu fracasse, toda a família terá fracassado."

Entre as torres de escritórios e os consumidores antenados do bairro de Gangnam, em Saul, cenário do hit global "Gangnam Style", do cantor Psy, uma geração de jovens empreendedores procura remediar a escassez de empresas iniciantes inovadoras na Coreia do Sul.

Reunidos em espaços emprestados ou alugados, eles estão iniciando projetos de software, uma área na qual os custos iniciais são inferiores aos de outros setores e na qual os grandes conglomerados que dominam a economia sul-coreana, os "chaebol", como Samsung e Hyundai, são menos dominantes.

"Mais de 95% de nossos usuários estão fora da Coreia do Sul", diz Mok sobre o Step, aplicativo que desenvolveu para que os usuários acompanhem suas atividades diárias.

Mok e seu sócio, Daniel Cho, tiveram de enfrentar mais que o ceticismo paterno ao criar sua empresa, a WePlanet. Para os empreendedores da Coreia do Sul, a capitalização é difícil e os bancos se sentem mais confortáveis emprestando dinheiro aos chaebol. Os dois fundadores usaram US$ 150 mil em economias acumuladas durante seus dias como consultores para bancar o negócio inicial.

Mas também obtiveram apoio externo. Jimmy Kim, 42, um jovial empreendedor sul-coreano, e dois de seus amigos criaram o Sparklabs, no ano passado, para oferecer verba e assessoria a novas empresas. Os fundadores da Sparklabs fizeram fortuna com empresas iniciantes de tecnologia: Kim ajudou a desenvolver a produtora de videogames Nexon e a Innotive, que produz software de gestão para grandes empresas.

Mas eles estavam agudamente conscientes das barreiras que outros empreendedores teriam de enfrentar. As leis de falência sul-coreana são intimidantes, por exemplo, diz Kim. "No passado, se você falisse na Coreia, seria visto virtualmente como criminoso. Existe um ditado de que na Coreia os empreendedores são verdadeiros patriotas, porque realmente colocam a vida em risco."

A Sparklabs já ajudou na criação de 16 companhias, oferecendo a cada uma US$ 25 mil em fundos.

O envolvimento deles reflete o crescente interesse estrangeiro pelo setor de software da Coreia do Sul, um país onde o uso de smartphones é muito elevado e a internet móvel oferece altíssima velocidade.

Um dos beneficiados pela ascensão dos celulares inteligentes foi o Kakao Talk, serviço de mensagens instantâneas lançado no começo de 2010 e que agora é empregado pela grande maioria dos usuários sul-coreanos de smartphones e atingiu os 100 milhões de usuários.

Lee Sir-goo, presidente-executivo da companhia, diz que ainda há muito a melhorar. "Há mais investidores de capital para empreendimentos disponíveis, mas os bancos só emprestam a uma start-up se ela tiver garantias", diz.

"E, para serviços de tecnologia da informação, como nós, há regulamentos que dificultam oferecer serviços. Nos EUA, pagar com cartão de crédito é relativamente fácil, mas aqui o usuário precisa preencher os dados de seu cartão a cada transação."

De qualquer forma, nada que estrague o mercado, diz Mok. "Muitos dos meus amigos querem trocar seus empregos pela criação de uma start-up. A geração mais jovem difere completamente das anteriores. Temos menos lealdade às grandes empresas."


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