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Cala boca, Guido
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou, em reunião há 3 semanas, que o ministro pare de fazer previsões e negou que tenha pedido sua saída do governo
Há três semanas, Guido Mantega retornou a seu gabinete na Fazenda mais leve. A razão da alegria: um longo encontro com Lula.
Àquela altura, rumores davam conta de que o ex-presidente, fiador da permanência do titular na equipe da presidente Dilma Rousseff em 2010, vinha defendendo a troca do afilhado para aplacar a incredibilidade da política econômica do governo.
Na reunião, Lula negou o boato e até disse o contrário. Mas fez um alerta, num estilo meio "pai bravo": Mantega precisava parar de fazer previsões econômicas.
Em 2012, o ministro foi porta-voz de vaticínios não realizados. No principal deles, segundo integrantes do próprio governo, classificou como "piada" a reestimativa de crescimento da economia, de 2% para 1,5%, feita por economistas do Credit Suisse.
O "PIB piada", de fato, não se confirmou, pois o país fechou o ano com um número bem mais sem graça: 0,9%.
O jornal britânico "Financial Times" chamou-o de "elfo" em um irônico conto de Natal. Uma de suas publicações favoritas, a revista "The Economist", pediu a sua demissão.
Tudo isso fez Mantega começar 2013 bem mais econômico nas falas. Antes mesmo dos conselhos do antigo chefe, já vinha submergindo.
Na conversa, que deixou Mantega feliz, o titular da Fazenda ouviu que era melhor falar menos para fora e abrir o verbo para dentro. Sempre que pode, Lula aconselha auxiliares de Dilma a serem pró-ativos, a mostrar mais a realidade à presidente da República nestes tempos de crise.
Segundo a Folha apurou, o ex-presidente também aconselhou o ministro a ampliar o diálogo com os barões do PIB. E usou um exemplo próprio: quando comandava o país, tinha seus assessores falando muito.
Em conversas reservadas, Lula mostra preocupação com a economia, mas relativiza. Diz que o momento atual é menos grave do que a crise internacional vivida por ele entre 2008 e 2009.
Também compara equipes. Fala com entusiasmo de Henrique Meirelles (ex-presidente do BC), mas não mantém a mesma entonação de voz quando fala de Alexandre Tombini, o atual titular.