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Racha em cartel de potássio dificulta investimentos

Aumento da competição vai reduzir o preço do produto e diminuir a atratividade de exploração de novas minas

Utilizado na fórmula de fertilizantes, potássio mais barato deve beneficiar produção agrícola no curto prazo

TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO

O racha em um dos dois cartéis que dominam o mercado mundial de potássio --ingrediente básico dos fertilizantes-- deve reduzir os preços dos adubos no curto prazo e, como consequência, o custo da produção agrícola.

Ao mesmo tempo, porém, o preço mais baixo do produto deve dificultar a entrada de novas empresas no setor, mantendo a concentração de mercado nos níveis atuais e cotações em patamares elevados no futuro, segundo analistas e empresários do setor.

Nesta semana, a russa Uralkali anunciou a saída do cartel BPC (Belarus Potash Corporation), justificando que a sua parceira, a estatal bielorussa Belaruskali, infringiu o acordo ao realizar vendas fora do combinado.

A empresa estimou que, devido à maior competição, o fim do cartel provocará uma queda de 25% no preço do hidróxido de potássio, usado na formulação dos adubos.

A notícia, comparada à saída da Arábia Saudita da Opep, derrubou ações de produtoras de potássio pelo mundo e colocou em xeque novos projetos na área.

"Preços mais baixos reduzem o retorno de investidores na construção de novas minas. O movimento da Uralkali, portanto, deve deter novos entrantes", diz William Irwin, analista de fertilizantes da consultoria britânica Integer.

"Além disso, como os preços têm suporte no oligopólio do setor, qualquer mudança nessa estrutura representa um risco para a rentabilidade de novos projetos."

Segundo o analista, mesmo após o rompimento do cartel russo, mais de 50% da produção ficará nas mãos de dois vendedores: a Uralkali e a Canpotex --o outro cartel que domina o setor, formado pelas empresas canadenses Potash, Mosaic e Agrium. Até então, 70% das vendas eram feitas por esses dois cartéis.

ESTRATÉGIA

Para Irwin, a motivação do racha no cartel foi estratégica, e não comercial, já que preços baixos não interessam a nenhuma das empresas.

Especula-se que o real objetivo dessa decisão seria deter a entrada da BHP, a maior mineradora do mundo, na produção de potássio.

A australiana deve decidir em breve se prosseguirá com o projeto Jansen, no Canadá, que consumirá US$ 14 bilhões. Se confirmado, este será o maior projeto do setor.

O preço mais baixo do potássio também pode afetar planos de empresas brasileiras. A Vale, por exemplo, está concluindo a análise técnico e econômica do projeto Carnalita, voltado à produção de potássio em Sergipe.

O presidente da Verde Potash, Cristiano Veloso, diz que uma queda significativa nos preços pode reduzir a taxa de retorno de novos projetos de potássio, que exigem altos investimentos. A Verde Potash possui um projeto para explorar uma mina de potássio em Minas Gerais.

O Brasil importa cerca de 90% do potássio utilizado como fertilizante no país. O custo com as compras dos insumos para a próxima safra subiram 25% ante a anterior, segundo o presidente da Aprosoja Brasil, Glauber Silveira.

Para ele, os preços só cairão de forma consistente com o aumento da oferta. "A solução para o Brasil é uma política de incentivos à produção nacional de potássio", diz.


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