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Mercado interno catapulta ações de 2ª linha

Menos negociadas que as do Ibovespa e ligadas ao consumo do país, ações se valorizaram até 11.400% na década

Bom desempenho, no entanto, não atinge todas as empresas e depende de governança e reestruturação

DANIELLE BRANT DE SÃO PAULO

Das dez ações da Bolsa brasileira que mais renderam na última década até junho de 2013, oito são consideradas de segunda linha, pois não pertencem ao Ibovespa, principal índice do mercado.

O retorno a investidores dessas empresas --menos negociadas que as do índice e com foco no mercado interno-- foi de até 11.400%, mais de 41 vezes o registrado pelo Ibovespa, de 273%.

O levantamento, feito pelo consultor financeiro Clodoir Vieira para a Folha, considera os preços das ações e os dividendos (fatia do lucro da empresa distribuída aos acionistas). Os valores são nominais (não corrigidos pela inflação, que foi de 70,84% no período pelo IPCA).

Com um retorno de 11.400%, quem aplicou R$ 5.000 em junho de 2003 transformou esse dinheiro em R$ 484.500 em dez anos, já descontado o Imposto de Renda devido (15%). Na variação do Ibovespa, o valor obtido seria R$ 15.486.

Pelo levantamento, que computou ações com mais de R$ 1,2 milhão em negócios na Bolsa nos últimos seis meses, a da Excelsior (alimentos e bebidas) lidera, seguida por Hering e Othon (veja a lista completa no quadro acima).

De acordo com Telmo Schoeler, sócio-diretor da consultoria Strategos, as empresas de segunda linha têm em comum o fato de terem melhorado a governança corporativa e passado por reestruturações no comando ou nas operações nesse período.

Além disso, com a produção basicamente voltada ao consumo interno --com algumas exceções, como Hering--, elas aproveitaram o crescimento do Brasil.

"Essas companhias foram favorecidas pela ascensão de uma nova classe média", diz Alexandre Chaia, professor de finanças do Insper, instituto de ensino e pesquisa.

Por outro lado, exportadoras foram prejudicadas pela crise global iniciada em 2008. As turbulências derrubaram o preço do minério de ferro e impulsionaram o do petróleo, por exemplo, atingindo Vale e Petrobras --que, juntas, representam 22% do Ibovespa.

"O desempenho das exportadoras não reflete adequadamente a situação doméstica", diz Paulo Esteves, estrategista da Gradual Investimentos, que criou um indicador próprio, o IGB 30, para mapear as empresas voltadas ao mercado local. O índice reúne as 30 empresas com maior valor de mercado (como bancos, companhias de alimentos e shoppings), e não as mais negociadas.

MAIORES PERDAS

Ações de segunda linha também se destacam entre as que mais perderam em uma década: são nove em dez.

Telmo Schoeler, da Strategos, diz que os casos de fracasso foram de empresas que não têm uma boa governança corporativa. "Essas empresas também não conseguiram sair do conceito de fábrica para o de marca e aproveitar a dinâmica de mercado."

Algumas ações caíram a quase zero, como as da J.B. (alimentos e bebidas), que desabaram 95,54%. Quem aplicou R$ 5.000 mil em junho de 2003 viu o dinheiro minguar para R$ 223.


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