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Análise

Aumento das taxas de juros tem pouca influência na queda dos preços

ANDRÉ BIANCARELLI ESPECIAL PARA A FOLHA

A inflação praticamente zero no mês passado contrasta com o "clima" reinante até muito pouco tempo.

Em janeiro, o IPCA foi de 0,86% e nas semanas e nos meses seguintes disseminou-se a ideia de que a inflação saíra do controle. O custo da cesta básica --simbolizado pelo tomate-- levava essa percepção à população em geral.

Desde então, os registros são cadentes, até o 0,03% de julho. Nada muito diferente do que ocorrera em 2010 (de 0,78% em janeiro cai-se para 0,01% em julho); 2011 (0,83% e 0,16% nos mesmos meses) e, com amplitude menor, no ano passado (de 0,56% em janeiro para 0,08% em junho).

Acumulados em 12 meses, os números subiram até os 6,70% em junho. Agora, chega-se a 6,27%, e a expectativa é que siga em queda e feche o ano abaixo do teto da meta e também dos 5,84% de 2012. A inflação não é baixa, mas não parece descontrolada.

O movimento recente responde principalmente a três grupos de preço, por ordem de importância: 1) transportes (tradicionalmente pressionados na primeira metade do ano e agora caindo mais em razão das reduções de tarifas); 2) despesas pessoais (que aceleram para 1,13%, respondendo aos custos com domésticos); e 3) alimentação e bebidas (os mais voláteis, que subiram 2,0% em janeiro e caíram 0,33% em julho).

Olhando para a frente, há ainda algum efeito deflacionário das tarifas de transporte, as despesas pessoais provavelmente seguirão em alta mais branda, e os preços dos alimentos não voltarão a ser os vilões do primeiro semestre tão cedo. Os efeitos da forte desvalorização cambial certamente terão impacto, porém mais brando do que em outros tempos.

Mas o ponto a destacar é que é pequena a influência da elevação dos juros. Eles não afetam diretamente os alimentos nem os custos com transporte. Seria preciso uma dose muito maior, com efeitos recessivos, para reduzir o componente mais estrutural da inflação de serviços.

E o principal canal de influência da Selic sobre a inflação nos últimos anos --a apreciação cambial-- é bem menos eficaz, dada a situação financeira internacional, que pressiona o dólar.


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