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Análise
Em sua 3ª fase, parcerias chinesas ganham competitividade
Indústria chinesa busca o know-how de seus parceiros e adquire tecnologias de fornecedores globais
A história das grandes fabricantes chinesas de automóveis é recente, mas já passou por várias fases de desenvolvimento.
Os primeiros passos foram dados na década de 1980, por meio de acordos com marcas estrangeiras. Um desses foi firmado com a Volkswagen, que em 1985 passou a produzir o sedã Santana em parceria com a chinesa SAIC.
Antes disso, a produção local era praticamente limitada a carros e utilitários dedicados ao transporte público e de mercadorias, e também ao atendimento de órgãos ligados ao governo comunista.
A produção de veículos de passeio começou a ganhar volume na década de 1990, como forma de gerar emprego nas províncias.
A Geely, por exemplo, entrou no mercado automotivo em 1999, após um período produzindo motos de baixa cilindrada.
Neste mesmo ano, a concorrente Chery também lançou seu primeiro automóvel.
Eram modelos que tentavam repetir o desenho de carros japoneses, americanos e europeus. A qualidade construtiva era sofrível, mas custavam pouco.
No fim dos anos 1990, veio uma segunda fase. As marcas ocidentais começaram a fechar novos acordos de produção, visando entrar em um mercado em crescimento.
Modelos de marcas como BMW, Citroën e Chevrolet começaram a ser produzidos na China, em sociedade com empresas locais. O governo é sócio majoritário em todas as operações.
Apesar do controle acionário estatal, são as montadoras estrangeiras que dominam o mercado chinês; os novos consumidores preferem as marcas tradicionais.
E aí vem a terceira fase: para conseguir maior aceitação em seu próprio território e conseguir viabilizar as exportações por meio de produtos mais atraentes, a indústria automotiva chinesa busca o know-how de seus parceiros no desenvolvimento de produtos e adquire tecnologias de fornecedores globais.
O caso da Geely e da Volvo é o ponto extremo desse modo de negócio.
Ao comprar a marca sueca, a montadora asiática passa a desenvolver uma linha comum de plataformas, nos mesmos moldes de grupos como PSA Peugeot Citroën e a aliança Renault-Nissan.
Com o fortalecimento da indústria oriental e a estagnação do setor automotivo no mercado europeu, é possível que outras parcerias surjam. Dessa forma, o carro chinês será um dos mais competitivos do mundo.