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Grande investidor busca oportunidade em carros usados
Grupo que criou empresas nos setores imobiliário e de seguros aposta agora em mercado de R$ 180 bilhões
Investidores juntaram 11 concessionárias para fundar a maior empresa do segmento na América Latina
Para cada carro novo vendido no Brasil, cerca de três usados são comercializados.
Embora os veículos de segunda mão não tenham o mesmo glamour dos 0 km, representam um setor que fatura R$ 180 bilhões por ano. No quarto maior mercado automotivo global, trata-se de 9 milhões de carros.
Apesar do alto potencial de retorno no segmento, esse mercado é caracterizado por grande número de lojas (40 mil em todo o país), baixa profissionalização, informalidade e falta de processos.
Com a meta de lucrar colocando ordem no mercado, investidores da Gulf Participações deram um passo pioneiro ao criar em 2012 a AutoBrasil, maior empresa de seminovos da América Latina.
ATRATIVOS
A evolução da renda das classes B e C, a baixa relação veículo/habitante e o avanço do crédito no país contribuíram para atrair o grupo.
A ideia é repetir a fórmula usada nos mercados de seguro e imobiliário, nos quais a Gulf criou a Brasil Brokers e a Brasil Insurance, que têm capital aberto.
Das 120 redes de concessionárias visitadas em dois anos, 11 de alto padrão foram escolhidas para compor o negócio, que resultou na formação de um grupo com mais de 200 lojas, em 15 Estados. Os sócios cederam a seção de seminovos de seus pontos à nova empresa.
Hoje, 65% dos compradores de carros novos entregam os veículos atuais nas lojas, como parte do pagamento. Mas os lojistas, muitas vezes sem ter capital para manter o estoque, repassam o veículo usado para as revendas independentes e perdem a oportunidade de ganhos.
"O crescimento do mercado de novos tem levado a uma expansão da oferta de usados de qualidade", afirmam os investidores da AutoBrasil em documento enviado à Bolsa.
Segundo consultores, o negócio tem apresentado bons resultados. Em cerca de dez meses, a empresa faturou R$ 931,5 milhões e conseguiu um retorno sobre o capital investido de 32%.
Os sócios ainda não conseguiram fazer a abertura de capital da empresa, que tinha como meta levantar até R$ 1 bilhão.
A Folha apurou que fatores como a falta de entendimento entre os sócios e o momento do mercado têm atrasado a abertura de capital. Representantes da AutoBrasil não concederam entrevista porque disseram estar em período de silêncio.
A empresa tem tentado se assemelhar à americana CarMax, que vende mais de 400 mil usados e fatura US$ 10 bilhões ao ano.
Vale tudo no negócio, de comprar veículos retomados por bancos e nos leilões até acordos com outras lojas.
Os diferenciais são a escala e a informação --saber em qual região é possível encontrar o menor preço para vendê-lo onde há a maior demanda, por exemplo.
Há riscos também. Entre os principais estão a qualidade da avaliação dos veículos comprados --são 400 mil checagens por ano-- e a disponibilidade de crédito.