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Retomada dos EUA leva dólar a R$ 2,45, maior valor desde 2008
BC americano estuda reduzir empréstimo bancário, o que diminuiria aplicações fora do país
Das 24 moedas emergentes mais negociadas, apenas a da China não caiu em relação a dólar ontem
Depois de uma pausa de apenas um dia na escalada das cotações, o dólar chegou ontem ao maior preço desde 2008 em razão dos EUA.
O dólar comercial, usado no comércio exterior, fechou em alta de 2,38% a R$ 2,451, maior cotação desde 9 dezembro de 2008 (R$ 2,471).
Já a moeda americana à vista, referência para as negociações no mercado financeiro, subiu 1,17%, a R$ 2,428, a maior cotação desde 3 de março de 2009 (R$ 2,433).
O Banco Central brasileiro fez duas intervenções para tentar conter a alta, ao colocar no mercado US$ 2,76 bilhões --sem sucesso.
Vale ressaltar que ambas as cotações do dólar são referências nos cenários mencionados: mercado financeiro e comércio exterior.
O consumidor que vai comprar a moeda para viajar, por exemplo, pagará preços diferentes, que variam conforme o banco ou corretora e, em geral, são mais altos que as referências de mercado.
A valorização do dólar foi mais uma vez justificada pela aposta de investidores de que, com a recuperação dos EUA, o mercado americano vai concentrar cada vez mais os investimentos internacionais em detrimento de países com risco considerado mais alto, como os emergentes.
A análise foi reforçada pela informação, dada pelo BC americano (Fed) em ata, de que estuda criar um mecanismo para reduzir o volume de recursos disponíveis para empréstimos pelos bancos.
Das 24 moedas mais negociadas, apenas a da China não caiu ontem em relação ao dólar --ficou praticamente estável (alta de 0,02%).
"A medida em estudo nos EUA indica a retirada dos estímulos econômicos no país em breve", diz Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora.
Desde 2009, o BC americano recompra, mensalmente, US$ 85 bilhões em títulos do governo para injetar dinheiro na economia e parte dos recursos vai para outros países como investimento.
Se o incentivo for reduzido, as aplicações fora dos EUA tendem a diminuir e, diante da perspectiva entrada de menos dólares no Brasil, a moeda sobe ante o real.
Na Bolsa brasileira, o Ibovespa, principal índice, terminou o dia em baixa de 0,2%, aos 50.405 pontos.
TOMBINI
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, cancelou viagem que faria nesta semana aos EUA para participar de um evento promovido pelo Fed do Kansas.
De acordo com a assessoria do BC, Tombini decidiu ficar no país para acompanhar de perto os desdobramentos da instabilidade cambial que se acentuou nos últimos dias.
O encontro, tradicionalmente marcado por grandes nomes na área financeira, já estava esvaziado desde que o presidente do Fed, Ben Bernanke, decidiu não ir.