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Análise

Ainda tateamos novas possibilidades de política monetária

ANDRÉ PERFEITO ESPECIAL PARA A FOLHA

Um dos efeitos da crise de 2008 foi redesenhar de vez a forma como se faz política monetária em todo o mundo.

Os manuais e os bons modos da década anterior foram jogados na fogueira de três "quantitative easing" (recompra de títulos da dívida pelo Fed, o BC dos EUA) e as cinzas do que sobrou ainda cobrem as prateleiras da teoria oficial.

O programa de compras de ativos foi sem precedente: em 2008, antes da quebra do Lehman Brothers, o total de ativos do Fed era de US$ 900 bilhões; hoje, US$ 3,6 trilhões.

Fazer política monetária mudou de figura e ainda tateamos novas possibilidades. A teoria anterior não deu conta de evitar o desastre, e o que veio depois está em disputa teórica entre economistas.

No Brasil, também fizemos nossa revolução. Em 2005, a taxa de juros real oscilava em torno de 13%. Em 2012, essa taxa havia caído para menos de 1,5%.

A queda teve um efeito colateral indesejado, mas contemplado na teoria. Com a redução, o preço dos outros ativos subiu na busca de maior rentabilidade e, com isso, a taxa de retorno desses mesmos ativos teve queda. Um exemplo singelo: em julho de 2008, a razão entre o valor do aluguel e o preço do imóvel era de 0,77%; agora, a proporção caiu para 0,47%.

Com a acentuada redução da Selic, o Brasil entrou em um terreno novo. A queda, que foi feita para ajudar os empresários a investir, acabou deteriorando as taxas de retorno e paralisou projetos.

O governo alongou o horizonte monetário, mas foi incapaz de criar uma visão de futuro que ancorasse o otimismo empresarial de tal sorte que o investimento fosse efetuado. A Selic nesse cenário tem limites, e exigir tanto de um único instrumento é incorreto tanto do ponto de vista teórico quanto prático.

O BC subiu mais um pouco a taxa ontem para resgatar um pouco da antiga normalidade e, com isso, acalmar os ânimos. Mas não tenhamos dúvidas. O Brasil mudou. Falta mudar a forma que olhamos a Selic.


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