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Análise Concessões
Investimentos caíram e rodovias pioraram
Nos últimos 12 meses, gastos públicos com obras em estradas foram de R$ 8,5 bi, abaixo dos R$ 10,3 bi de 2010
A incapacidade financeira e gerencial de expandir os investimentos com dinheiro da arrecadação de impostos explica a decisão --tardia-- de conceder a exploração de mais rodovias federais ao setor privado.
Após crescerem no segundo mandato de Lula, os gastos do governo com obras em transporte rodoviário empacaram sob Dilma Rousseff.
Se considerado o período de 12 meses encerrado em agosto passado, os desembolsos são inferiores aos de 2010.
De R$ 10,3 bilhões, no último ano do ex-presidente, o montante caiu para R$ 8,5 bilhões --e a queda é ainda mais aguda se incluída na conta a inflação do período.
Trata-se de uma exceção no gasto federal como um todo, que, no mesmo período, bateu recordes sucessivos.
A própria BR-262, cujo leilão fracassou ontem, é um exemplo das deficiências do investimento federal: de pelo menos R$ 294,2 milhões autorizados no Orçamento do ano passado, a rodovia recebeu apenas R$ 1,3 milhão.
QUALIDADE EM QUEDA
A qualidade das rodovias federais também piorou, segundo a pesquisa anual da CNT (Confederação Nacional dos Transportes). Há três anos, a entidade classificava 19,1% da extensão inspecionada em estado ruim ou péssimo; em 2012, foram 21,7%. O percentual de ótimo e bom caiu de 44,8% para 40,3%.
O transporte rodoviário é, de longe, o setor que mais recebe investimento do Tesouro --a educação básica, segunda colocada, não chega a R$ 5 bilhões ao ano. Por isso, é um termômetro do desempenho federal em infraestrutura.
As explicações oficiosas para o mau desempenho estão desgastadas: primeiro, dizia-se ser natural uma queda dos gastos no início do governo, porque um novo ciclo de obras estava sendo inaugurado; depois, que era uma consequência da troca de comando no Ministério dos Transportes devido a acusações de irregularidades.
Mais recentemente, a justificativa foi a greve dos servidores do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
Os dados mostram que o governo Dilma tem dificuldade em expandir os investimentos de maneira geral, a despeito da imagem pública de obsessão gerencial cultivada pela presidente. Sua administração demonstra maior vocação para elevar gastos sociais, em especial com educação e benefícios sociais.