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Análise
Tropeço verbal do Fed pode custar confiança do mercado
DO "FINANCIAL TIMES"Desde maio, Ben Bernanke, o presidente do Federal Reserve, tem dado sinais aos investidores de que o banco central americano estava pronto para reduzir seus incentivos à economia.
Os mercados levaram ao pé da letra e concluíram que os cortes começariam agora.
Erraram. Anteontem, o Fed manteve seu programa de recompra de títulos da dívida dos EUA em US$ 85 bilhões mensais, derrubando o retorno dos papeis do Tesouro e catapultando as Bolsas.
Não há razão para questionar a decisão --há provas suficientes que amparam a conclusão de que a recuperação dos EUA ainda é frágil.
Embora o desemprego esteja recuando, o número de pessoas que buscam ativamente trabalho também está. A participação no mercado de trabalho nos EUA é a mais baixa em 35 anos.
E, com a inflação pairando abaixo da meta anual de 2% do Fed, combater o risco de deflação virou prioridade.
Na verdade, o cenário macroeconômico é tão tíbio que é possível se perguntar por que afinal o Fed começou a falar em reduzir estímulos.
Já que o fez, Bernanke deve assumir sua parcela de culpa por tropeçar nas palavras.
É fato que o Fed nunca deu datas, mas Bernanke disse no Comitê Federal de Mercado Aberto [o Copom dos EUA] que começaria a cortar os estímulos neste ano, se a economia fluísse como previsto.
Desde então, as projeções do comitê para a economia pouco mudaram. Será difícil para os investidores acreditar no Fed outra vez.
Em seu comunicado na quarta, o comitê alegou que o enrijecimento das condições monetárias nos últimos três meses pesou na decisão.
Enquanto o Fed tenta encerrar um período de expansionismo, é inevitável que as taxas do mercado subam. A tarefa do banco central é garantir que a economia esteja forte para aguentar o aperto.
Os prognósticos não são dos mais animadores. As empresas guardam dinheiro, em vez de investir. A renda doméstica estancou e as exportações estão fracas.
O iminente embate no Congresso dos EUA sobre a dívida federal pode parar o governo e minar o crescimento.
A julgar pelo que diz Bernanke, o corte de estímulos pode ter que esperar mais.