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Cifras & letras

Crítica internet

Livro critica tolerância com o ódio e as agressões na internet

Para autores, liberdade de expressão deve ser limitada para conter ataques

APRIL DEMBOSKY DO "FINANCIAL TIMES"

O Twitter e o Facebook se tornaram árbitros das tendências culturais. O poder das multidões pode conferir grandeza a uma causa passageira. Da mesma forma, uma multidão --ou algumas poucas pessoas-- pode tomar o controle, despejando um dilúvio de linguagem abusiva na esfera pública.

As duas redes sociais recentemente se viram prejudicadas por esse último fenômeno, o que as forçou a alterar o equilíbrio entre as normas cujo objetivo é limitar abusos e a liberdade de expressão que tanto prezam.

Seguidas ameaças de estupro a uma ativista britânica do feminismo e a indignação causada forçaram o Twitter a revisar suas normas quanto ao uso de linguagem abusiva, no mês passado.

O papel das companhias de tecnologia em determinar os limites da liberdade de expressão é o tema de "Viral Hate: Containing its Spread on the Internet" ("Ódio Viral: Contendo sua Dispersão na Internet"), de Abraham Foxman e Christopher Wolf.

Membros da Anti-Defamation League (ADL, da sigla em inglês para Liga Contra a Difamação), organização que combate o antissemitismo, os autores têm uma posição clara: sites neonazistas e páginas de Facebook que postam conteúdo intolerante não deveriam ter lugar na internet.

Os autores descrevem as ferramentas que os proponentes da retórica do ódio empregam para disseminar suas mensagens.

Elas incluem sites "mascarados" como o martinlutherking.org, um site bem classificado nos resultados de buscas do Google mas cujo objetivo é insultar o líder dos direitos civis que lhe empresta o nome, e o KZ Manager, um videogame que coloca o jogador no comando de um campo de concentração.

Os dois alegam que a amplificação desse tipo de discurso online resulta em atos de violência física. Quanto a isso, eles enfrentam dificuldades para apresentar argumentos sólidos, e dependem da correlação entre um site que promove o poder branco e incentiva ataques racistas em Massachusetts.

No entanto, recentes incidentes nos quais indivíduos foram ameaçados ou assediados on-line --como o de um estudante americano que se matou depois que um colega de apartamento gravou imagens dele em um encontro com um homem e postou no Twitter, ou o da menina britânica de 14 anos que cometeu suicídio depois de ser insultada no site de perguntas e respostas Ask.fm-- criam uma necessidade clara de tratar do tema.

LEGISLAÇÃO

Ainda que as leis estejam evoluindo para abordar de casos de bullying virtual, os autores reconhecem que as leis genéricas de repressão à retórica de ódio on-line ainda são imperfeitas. A distinção entre essas medidas e a censura a visões políticas dissidentes é precária.

A maioria das empresas que hospedam a retórica de ódio em discussão tem sede nos Estados Unidos, onde a liberdade de expressão conta com poderosas defesas, e as normas internas das empresas de hospedagem tendem a espelhar esse regime.

Foxman e Wolf propõem a criação de um lobby coordenado para prevenir a expansão da retórica do ódio on-line, respeitando ao mesmo tempo os princípios da liberdade de expressão.

A ADL, em companhia de outras organizações dos direitos civis, dialoga com executivos do vale do Silício. Pressionou o Google a remover sites de visões fanáticas das posições de destaque emsuas busca, por exemplo.

Também defendem o contra-ataque dos cidadãos. Um grupo de mulheres do Reino Unido utilizou essa estratégia em uma campanha no Facebook, enviando cópias de fotos sexistas postadas no site a empresas cuja publicidade aparecia ao lado delas, o que atinge a rede social em seu faturamento.

O livro muitas vezes tem o tom de uma carta apaixonada a potenciais doadores da ADL. Mesmo assim, é uma obra abrangente e acessível sobre como os males sociais --e as formas de combatê-los-- estão se adaptando à Internet.

"VIRAL HATE - CONTAINING ITS SPREAD ON THE INTERNET"
AUTORES Abraham Foxman e Christopher Wolf
EDITORA Palgrave Macmillan
QUANTO US$ 11 (R$ 24, 256 págs.)


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