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Análise

Visto de perto, IGP-M de agosto, mesmo mais alto, não assusta

ANDRÉ PERFEITO ESPECIAL PARA A FOLHA

O número assusta: em setembro o índice geral subiu nada menos que 1,50% puxado por um indigesto IPA (preços no atacado) de 2,11%. Como o IGP-M de agosto havia sido de apenas 0,15%, um calafrio incômodo subiu pela espinha de investidores e da população de maneira geral.

No entanto, na verdade, esse IGP-M é um falso positivo, ou seja, visto de perto não assusta muito e ainda explica bastante algumas hipóteses recentes sobre inflação, em especial o efeito do dólar sobre os preços.

Em primeiro lugar, o IPA subiu na esteira das matérias primas brutas (4,21% só este mês), com altas do minério de ferro e da soja, commodities que estavam pressionadas pelo setor externo com altas acumuladas em reais desde o 2º trimestre de 28% e 25% respectivamente. Uma hora isso ia chegar por aqui.

Na contramão outras mercadorias deflacionaram o IPA, estas sim muito mais sensíveis para os IPCs (preços ao consumidor), como o feijão (-19,82%), batata-inglesa (-13,82%) e tomate (-15,57%).

Mesmo a alta das matérias primas em setembro não foi suficiente para reverter a deflação acumulada no ano de -0,61% e em 12 meses de -1,16%. A variação acentuada das matérias brutas mostra o momento particular em que vivemos.

Por conta de oscilações violentas de oferta e disfunções nos mercados financeiros globais passamos por choques consecutivos e isso tornou o efeito do câmbio sobre a inflação menos evidente. O tomate que era vilão hoje não passa de tempero.

Mas outra coisa salto aos olhos. O IPC em 0,27% é uma boa notícia. Essa é a menor variação mensal para um setembro desde 2008 e a variação em 12 meses caiu de 5,60% em agosto para 5,4% em setembro. Até o fim do ano deve cair ainda mais e fechar em 5,20%.

A inflação é um problema sério num país que resolveu dar ganhos reais à população, e administrar essas pressões é um exercício de inteligência e responsabilidade.

No ano passado, por exemplo, o item que mais subiu no IPCA foi empregado doméstico. Pergunto ao leitor: seria correto subir a Selic a tal patamar que jogasse o salário de domésticos para baixo jogando assim a nova classe C de volta para o subconsumo de uma classe D?

Situação difícil, que não tem manual que dê conta.


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