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Análise

Quarto trimestre terá alta, mas próximo ano é sombrio

Não há sinais claros de que o governo esteja trabalhando para tentar mudar a rota

SÉRGIO VALE ESPECIAL PARA A FOLHA

Como esperado, o PIB do terceiro trimestre caiu 0,5% e vai ajudar a manter o crescimento baixo neste ano.

Havia a expectativa, até o segundo trimestre, de que uma recuperação pudesse estar em marcha, mas a partir de junho tivemos dois eventos cruciais para essa parada de curto prazo na economia.

Primeiro, a provável mudança de política monetária americana jogou a taxa de câmbio para uma depreciação de mais de 20% muito rapidamente.

Não só a depreciação em si foi relevante, mas a volatilidade que se criou em razão das incertezas em relação a quando sairia de fato a mudança do programa de estímulos (conhecida como "quantitative easing") nos EUA causou mais dificuldades ainda para as empresas.

Segundo, as manifestações de junho levaram a certo estancamento do consumo no início do terceiro trimestre, que colaborou para o resultado fraco que tivemos.

Essa sensação de parada súbita não deve se manter daqui para a frente.

O quarto trimestre deve ter um resultado melhor, com expansão esperada de 0,9% em relação ao terceiro trimestre e a possibilidade de fechar o ano em 2,4%.

Não é nenhuma maravilha, mas se afasta do resultado decepcionante de 1% de 2012.

A questão agora é como ficamos para 2014.

Aqui a dificuldade é maior, pois vários elementos jogarão contra uma recuperação mais efetiva.

Primeiro, a taxa de juros deve estacionar em 10%, tendo subido de 7,25%.

Segundo, a cadeia do agribusiness não deve contribuir tanto no ano que vem como neste, em que o resultado muito positivo veio dos impactos da seca americana no ano passado.

Terceiro, o "risco Dilma" está cada vez mais presente e se reflete numa piora sistemática da política fiscal, que coloca em risco as notas que temos nas agências de classificação de risco.

Mesmo que não haja uma redução da nota (ou seja, uma piora na avaliação de risco) exatamente em 2014, creio que as agências não conseguirão escapar disso em 2015.

A piora fiscal chegou ao ponto em que o governo teve que começar a mexer na institucionalidade fiscal, sugerindo que deseja desmontar aos poucos a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Com tudo isso, não podemos ver o terceiro trimestre como tendência, mas o que vem pela frente ainda é muito preocupante e não há sinais claros de que o governo esteja trabalhando para tentar mudar a rota.


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