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Suposta pirâmide dá prejuízo a Cesar Cielo e atletas em SP
Nadadores aplicaram em empresa de logística dinheiro para investir em atletas para a Olimpíada de 2016
Justiça suspeita que firma não fizesse fretes contratados e repartisse o dinheiro captado de novos investidores
Um negócio milionário no interior de SP, suspeito de funcionar como pirâmide financeira, acabou em prejuízos para investidores como jogadores de futebol e medalhistas olímpicos da natação.
No grupo estão os nadadores Thiago Pereira, Fabíola Molina e Cesar Cielo. Juntos, investiram cerca de R$ 2 milhões, sob a promessa de lucro alto e rápido.
A suposta pirâmide, agora investigada, começou em 2011 quando duas empresas de logística precisaram de dinheiro para expandir.
Contratadas por grandes indústrias para exportar ou importar produtos, elas conseguiam lucrar com a seguinte estratégia: quitavam antecipadamente o frete de determinada mercadoria para, depois, receber o pagamento das indústrias, com lucro.
Por exemplo: para enviar produtos à China, essas duas empresas pagavam ao embarcador cerca de R$ 150 mil. Depois que a mercadoria chegava ao destino, recebiam pelo serviço cerca de R$ 170 mil das indústrias, em parcelas.
Conforme o negócio crescia e mais indústrias contratavam os serviços, aumentou também a necessidade de dinheiro em caixa para o pagamento antecipado dos fretes. Foi então que as empresas buscaram mais investidores.
Uma dessas empresas é a AC&K Berna, de São José dos Campos, que pertence à família do ex-goleiro do Fluminense Ricardo Berna, hoje no rebaixado Náutico.
Os contratos entre as empresas e os investidores eram do tipo SCP (Sociedade em Conta de Participação), considerados pouco seguros, mas assinados entre a AC&K Berna, parentes e amigos.
A AC&K Berna tinha como sócia a empresa de comércio exterior MC Camargo, de Campinas, responsável pela parte operacional e pelos contatos com as indústrias.
No fim de 2012, já com mais de uma centena de investidores, as duas empresas de logística chegaram a ter cerca de R$ 100 milhões em caixa.
Foi então que, no primeiro semestre deste ano, o negócio ruiu: a AC&K parou de captar recursos com outros atletas, acabou o lucro e os investidores não receberam o dinheiro de volta.
NA JUSTIÇA
Hoje as empresas travam uma disputa na Justiça. A AC&K Berna, que diz ser vítima da MC Camargo, cobra da ex-sócia R$ 35 milhões para ressarcir 143 investidores.
À Justiça, a AC&K disse suspeitar que parte dos fretes, operacionalizados pela outra empresa, nunca tenha existido. Nesse caso, os lucros até então repartidos teriam vindo do dinheiro dos novos investidores, o que caracterizaria uma pirâmide.
No caso dos nadadores, o plano era investir num grupo de elite de atletas para treinar para a Olimpíada de 2016 em um centro a ser construído em São José dos Campos.
O grupo contratou membros da comissão técnica da seleção para o projeto. Há reclamações de investidores no site Reclame Aqui. Procurados, Molina, Cielo e Thiago não comentam o caso. As empresas não falam do processo, que corre em sigilo na 7ª Vara Cível de Campinas.