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Bovespa em baixa favorece recompra de ação por empresa

Companhias readquirem papéis quando avaliam estar baratos demais; operações são mais comuns em crises

Lançamento de ações, outro indicador de confiança no mercado, também decepciona: nenhum neste ano

ANDERSON FIGO DE SÃO PAULO

A queda de 3,4% da Bolsa brasileira neste ano até a última sexta-feira tem favorecido as operações de recompra de ações pelas empresas. E a tendência deve se manter enquanto durar a maré de desvalorização do mercado, afirmam analistas.

Em operações assim, as companhias com papéis negociados na Bolsa readquirem as próprias ações.

A decisão é tomada quando o valor praticado está abaixo daquele considerado justo pelas companhias. E o objetivo é mostrar que a saúde financeira das empresas está bem, apesar da queda generalizada do mercado.

O processo é positivo para os acionistas, afirmam consultores, que ficam com uma parcela maior da empresa nas mãos (leia mais na pág. B6).

A quantidade de recompras aprovadas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) em 2014 até o último dia 28 está acima da média do mesmo período nos últimos anos. O mesmo ocorreu em 2008, no estouro da crise global.

Pela evolução dos dados, observa-se que, desde então, a Bolsa nunca diminuiu significativamente o número de operações desse tipo.

Entre 1º de janeiro e 28 de março de 2014, 19 recompras foram aprovadas. No mesmo período de 2008, foram 27. A diferença é grande em relação à média de 10,8 operações por ano --considerando apenas o período entre 1º de janeiro e 28 de março de cada ano-- entre 2004 e 2007 (veja quadro nesta página).

"Em momentos de estresse, a fuga de investidores de alternativas de maior risco, como Bolsas emergentes, castiga mesmo as ações de companhias com bons resultados financeiros", diz Marcio Cardoso, sócio-diretor da Easynvest Título Corretora.

Leandro Ruschel, diretor da escola de investimentos Leandro & Stormer, afirma, no entanto, que a operação de recompra gera um custo para as companhias, o que é um limitador.

No caso de empresas de médio e pequeno portes, diz, muitas têm de optar entre usar dinheiro na recompra de ações ou investir em suas atividades produtivas.

Neste ano, das 19 recompras aprovadas, 12 foram feitas por empresas consideradas de menor porte, como Saraiva, Grendene e Helbor, que estão no índice de "small caps" da Bolsa, de papéis menos negociados que os do Ibovespa, principal índice acionário.

"Isso indica que as companhias estão efetivamente desconfortáveis com o nível atual do mercado", diz Ruschel.

O analista diz, no entanto, que é preciso tomar cuidado com o "efeito psicológico" das recompras. Isso porque as empresas não são obrigadas a adquirir todos os papéis que prometem.

"Muitas acabam não cumprindo o programa todo. Mesmo assim, o efeito psicológico do anúncio, que sinaliza boa saúde financeira da empresa, serve para chamar atenção do mercado", diz.

O não cumprimento do programa não significa necessariamente algo ruim, acrescenta Ruschel. O gesto pode, por exemplo, ser motivado por uma recuperação inesperada do preço das ações.

LANÇAMENTOS

Outro indicador de incertezas quanto à velocidade de recuperação da Bolsa brasileira é o pouco apetite das empresas por entrar no mercado lançando ações (por meio dos IPOs, na sigla em inglês).

Neste ano, ainda não houve operações desse tipo e, até 28 de março, apenas a empresa de tecnologia Aceco tinha registrado pedido de oferta na CVM, que está sendo analisado pela autarquia.

Em 2008, foram quatro IPOs. Em 2007, 64 (veja quadro). Roberto Indech, da corretora Rico.com.vc, afirma que o cenário segue negativo para a Bolsa brasileira no médio prazo (de um a dois anos), por questões externas --a recuperação da economia norte-americana, que atrai para si recursos antes destinados a países emergentes, por exemplo-- e internas, como a inflação e os gastos públicos elevados.


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