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Vinicius Torres Freire

Quem não quer trabalhar?

Cai número de pessoas empregadas e de gente em busca de emprego, e agora não são só os jovens

O DESEMPREGO nem de longe é um dos principais problemas do país, diz o eleitor. Tanto faz o nível de renda ou educação, idade, partido, cidade, se gosta de Dilma Rousseff: o desemprego é preocupação prioritária para apenas 5% do eleitorado, registrou o Datafolha do início de abril (o desemprego fica atrás de saúde, violência, corrupção e educação).

A despreocupação seria tanta que explicaria o desinteresse crescente de procurar trabalho nas maiores regiões metropolitanas do país, como indica a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE?

A pergunta importa porque a redução do número de pessoas à procura de emprego é uma das explicações da baixa taxa de desemprego (que é a proporção de pessoas que não acham colocação entre aquelas que querem trabalhar); porque pode ser sinal de novidade no mercado de trabalho.

Desde outubro de 2013 até março passado, a cada mês a população empregada ou à procura de trabalho diminui em relação ao mesmo mês do ano anterior. É um fato raro. Antes, acontecera apenas em dois meses de 2005 e em um de 2009, nos 12 anos da PME.

A explicação mais plausível do fenômeno era que os jovens de 18 a 24 anos abandonavam em massa o mercado de trabalho a fim de estudar.

No entanto, o número de pessoas entre 25 e 34 anos que deixou o mercado em fevereiro e março foi maior do que o pessoal da faixa de 18-24, o que é inédito. A proporção de jovens de 18 a 24 que deixa o mercado continua maior, mas o número absoluto é agora menor que o do grupo de 25-34 anos.

Há menos gente à procura de trabalho porque: 1) a população cresce menos; 2) a oferta de empregos está menor, um desestímulo; 3) as pessoas preferem fazer outra coisa da vida.

No caso dos jovens de 18 a 24 anos, parece razoável acreditar que ao menos parte deles deixou o mercado porque preferiu estudar (mas outras pesquisas indicam que parte parece desalentada por falta de opção, dada a sua baixa qualificação).

A opção de estudar pode ter sido influenciada pelo fato de que as famílias melhoraram de vida na última década e porque há mais vagas no ensino superior e facilidades de crédito estudantil (hipótese documentada de modo razoável por um estudo de economistas do Itaú Aurélio Bicalho e Luka Barbosa).

O que acontece, porém, com as pessoas de 25 a 35 anos? Trata-se de pessoas que deixaram o mercado, não de desempregados. Mas haveria um desalento oculto aí, pessoas que deixaram o mercado por falta de opções, pela dificuldade recente de achar vagas?

Desde outubro de 2013, cai ou não cresce a quantidade de pessoas empregadas nas grandes regiões metropolitanas, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. Nos anos Lula, antes da crise de 2008, a população ocupada aumentou em média 2,9% ao mês.

A redução do número de pessoas ocupadas ainda é pequena, porém. Fica um pouco mais significativa quando se nota que o serviço público tem compensado uma baixa ainda maior na quantidade de empregos.

Não dá para dizer que o mercado de trabalho agora anda de ré. Mas por ora parece ter estacionado.

vinit@uol.com.br


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