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Copa ajuda pouco o varejo, que vende menos em abril
Comércio tem queda de 0,4% nas vendas ante março; só um setor tem alta
Varejistas não esperam melhora após início do Mundial, com feriados em cidades-sede e mais refeições fora de casa
O varejo tem pouco a comemorar com a realização da Copa no Brasil. Poucos setores do comércio devem se beneficiar do evento --a maioria deles já registrou vendas menores em abril.
Após a queda nas vendas em março, o comércio manteve a tendência e sofreu novo recuo em abril. As vendas no período caíram 0,4% na comparação com o mês anterior, informou o IBGE nesta quinta-feira (12).
Analistas esperam que esse quadro se repita em maio e em junho. O principal impacto negativo vem do menor número de dias úteis, com feriados em algumas cidades-sede. Além disso, muitas lojas vão fechar as suas portas em dias de jogos.
Nem mesmo em áreas de comércio popular o movimento lembra o de Copas passadas.
Vendedora há sete anos de uma grande loja de atacado e varejo de roupas, Maria do Carmo Santos diz que neste ano as vendas estão boas, mas nem tanto como na Copa de 2010.
A procura, diz, se concentra nas camisetas amarelas lisas, apenas com detalhes em verde, compradas por empresas para estampar suas marcas --serviço feito na própria loja do Saara, polo de comércio popular no centro do Rio.
Pelos dados do IBGE, as vendas de tecidos, vestuário e calçados caíram 1% de março para abril. Já os supermercados venderam 1,4% menos --nesse caso, também sob o impacto da inflação alta.
A expectativa do setor é de que as vendas não aumentem porque muitas pessoas vão optar por fazer suas refeições e consumir bebidas em bares, fora de casa.
COMBUSTÍVEL E TV
A movimentação menor antes da Copa, diante do caos provocado em muitas cidades por causa das obras, resultou numa queda de 0,8% nas vendas de combustíveis.
Mesmo um ramo que vinha bem e se beneficiava do evento não mostrou expansão: as vendas de eletrodomésticos e móveis recuaram 0,1%. Para analistas, muitos consumidores se anteciparam e já trocaram seus aparelhos de TV.
Apenas o ramo de outros artigos de uso pessoal e doméstico (que concentra produtos de plástico, metal e utensílios diversos), subiram entre março e abril (0,3%).
Para a consultoria LCA, o desempenho do varejo no mês passado "surpreendeu negativamente a maioria dos analistas, vindo na contramão do sugerido por alguns indicadores antecedentes do comércio", como dados de inadimplência e do faturamento dos supermercados.
Para a consultoria, "as condições ainda deterioradas do mercado de trabalho e a elevação dos preços" afetaram as vendas do varejo.
Sem a ajuda da Copa, com a piora do mercado de trabalho e consumidores cada vez menos confiantes, a LCA prevê um crescimento de 3,5% nas vendas do comércio em volume neste ano, abaixo dos 4,3% de 2013.