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Para analistas, acordo prejudica Petrobras

Desde as 15h de terça-feira (pouco antes do anúncio da medida) até ontem, valor de ações da empresa caiu 7,44%

Em reações a críticas do mercado, presidente sai em defesa da operação do governo e diz que já em 2015 haverá ganhos

DO RIO DE SÃO PAULO DE BRASÍLIA

O setor privado recebeu mal o acordo entre governo e Petrobras para a transferência de quatro campos do pré-sal à estatal. A avaliação é que ele afeta o caixa da Petrobras (que repassará R$ 2 bilhões à União) num momento em que ela já tem mais reservas do que consegue desenvolver no médio prazo.

Entre as 15h de terça (24), pouco antes do anúncio, e o fechamento do mercado nesta quarta (25), as ações da empresa caíram 7,44%.

Para Marcelo Varejão, da corretora Socopa, a operação foi "mais uma interferência do governo numa companhia de capital aberto".

Em relatório enviado a clientes, Paula Kovarsky, da Itaú Corretora, afirma que a Petrobras tem mais reservas do que consegue desenvolver no médio prazo. "A Petrobras não precisa de mais reserva, precisa de mais produção", concorda Andrew Muench, do banco Brasil Plural.

A estatal promete um aumento de 7,5% em sua produção neste ano, mas não atingiu tal meta nos primeiros meses deste ano.

O balanço da empresa continua apertado pela política do governo de segurar os preços dos combustíveis abaixo dos valores internacionais. O repasse dos preços externos é visto por analistas como necessário para permitir que a estatal acelere investimentos.

Já Luiz Caetano, da corretora Planner, diz que ampliar reservas sempre é "uma boa notícia" para qualquer empresa de petróleo, mas no caso da Petrobras são necessárias ressalvas. Cita o elevado endividamento da companhia --que atingiu 4 vezes a geração de caixa medida pelo Ebtida da empresa, índice visto como preocupante.

"O anúncio inesperado de um novo contrato adiciona peso extra sobre o balanço", afirma relatório do Citibank.

"O governo fez isso com a Petrobras porque precisa de dinheiro para tentar fechar as contas o quanto antes. Poderia ter esperado mais uns três anos, já que o valor que terá de ser desembolsado pela petroleira até 2018 se refere ao óleo que vai ser produzido daqui a 15 anos, no mínimo", diz Pedro Galdi, da SLW.

No relatório que a Santander Securities enviou a clientes, a avaliação geral do negócio é também negativa. A corretora diz não "entender a lógica" da antecipação de lucro que a companhia teria de pagar ao governo --R$ 13 bilhões parcelados até 2018.

Esse valor, pelas regras do modelo de partilha de produção, só começaria a ser pago em 2021, quando terá início a produção dos campos.

A antecipação foi a forma encontrada pelo governo para permitir que a Petrobras desembolse neste ano apenas R$ 2 bilhões de bônus, e não R$ 15 bilhões.

Como os bônus não podem ser parcelados, os R$ 13 bilhões restantes serão recebidos como lucros antecipados.

DILMA EM CAMPO

Em reação às críticas do setor privado, a presidente Dilma Rousseff saiu em defesa da medida por duas vezes nesta quarta-feira (25).

Em resposta à afirmação de que a operação representa nova ingerência do governo sobre a estatal, disse que seguiu a legislação. Também refutou a hipótese de que o governo tomou a decisão para trazer mais recursos ao Tesouro. Disse que, em vez disso, os recursos serão destinados à educação e à saúde.

Segundo Dilma, pesquisas realizadas nas regiões exploradas pela Petrobras mostram que elas renderão dividendos a partir de 2015. (PEDRO SOARES, ANDERSON FIGO, FABÍOLA SALANI E TAI NALON)


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