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Vinicius Torres Freire

A boiada estrangeira na Bolsa

Mesmo com incertezas em penca, não residentes trazem dinheiro recorde para a Bovespa

ALÉM DE GOVERNO e governistas em geral, o dito "pessimismo" com a economia ou com ativos financeiros brasileiros parece uma opinião generalizada. Mas por que os "estrangeiros" têm colocado tanto dinheiro em ações daqui? "Estrangeiros", entre aspas, pois se trata aqui de "não residentes", a gente não sabe bem de quem é o tutu.

Este 2014 é de estagnação econômica e incerteza política, quer dizer, uma eleição disputada entre a oposição "liberal" e o petismo. Além do mais, não se sabe muito bem se, reeleita, Dilma Rousseff (PT) pode desfazer parte da política que tocou no primeiro mandato e desdizer sua campanha eleitoral, em que parece "redobrar sua aposta". Como se não bastasse, há o risco pelo menos alardeado que a mudança na política monetária americana cause tumultos adicionais por aqui, em 2015.

Ainda assim, os "estrangeiros" compraram R$ 21,2 bilhões em ações até a sexta-feira passada (saldo do valor de compras e vendas, na verdade).

Considerada a inflação, ainda é menos que o valor do saldo do ano inteiro de 2009 (R$ 20,6 bilhões).

No entanto, as compras de 2009 apenas pareciam compensar as perdas da grande fuga de 2008, quando o saldo ficou negativo em R$ 24,6 bilhões (tudo em valores nominais).

Não é simples entender as mumunhas do mercado financeiro.

Além do mais, o pessoal "estrangeiro" não parece estar apostando alegremente que o preço das ações vai se sustentar (estariam, parece, se protegendo com uma massa grande de opções de venda).

Ainda assim, a princípio parece muita areia para o caminhãozinho de um país estagnado, "pessimista" e à beira de uma transição política e econômica da qual pouquíssimo se sabe para onde transita.

Os problemas não se limitam à névoa espessa sobre o futuro da política econômica, "macro", mas sobre o que o próximo governo fará de empresas estatais, de crédito e de juros, atitudes que afetam o futuro do preço e da rentabilidade de algumas companhias que mais pesam na Bolsa, dúvidas que seriam mais relevantes no caso de vitória de Dilma Rousseff.

No entanto, é possível especular que haverá certa tensão, ao menos inicial, em caso de vitória de Marina Silva (PSB), pois não se sabe muito bem como a candidata vai articular seu governo e uma coalizão no Congresso.

Não é de resto muito amalucado pensar que o ambiente pode estar tenso por causa de desdobramentos do "Petrolão", a corrupção na Petrobras, de que não sabemos a dimensão nem o impacto político.

Note-se que o movimento de entrada dessa boiada continuava em setembro, pelo menos até a sexta-feira passada, quando há dados públicos disponíveis.

Em setembro, até o dia 19, o saldo de compras dos "estrangeiros" era de R$ 3,6 bilhões, o segundo melhor do ano, atrás apenas de maio.

O pessoal estaria imaginando que "o pior já passou", ao menos em termos de riscos acentuados de tumulto financeiro devido aos remelexos na finança mundial e nos juros americanos? Estariam, pois, aproveitando os dias finais da liquidação de ações brasileiras baratas? O pessoal da praça do mercado dá respostas contraditórias a respeito.

vinit@uol.com.br


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