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Ônibus quer reverter crise com via rápida

De carona nos projetos de mobilidade urbana da Copa, seis capitais devem ter corredores expressos até 2014

Nos últimos 15 anos, número de passageiros de ônibus urbanos caiu 35%; empresas planejam aperfeiçoar sistema

DIMMI AMORA ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Por uma janela envidraçada, curiosos esticam o pescoço para espiar três telas de 60 polegadas, postas lado a lado, à frente do volante de um ônibus.

O cenário onde o simulador de direção de R$ 600 mil virou brinquedo parece o do salão de automóvel -inclusive pelas atendentes nos estandes de Mercedes, Volvo e Volskwagem, entre outras empresas.

Mas quem estava na Feira Etransport 2012, realizada em outubro no Rio de Janeiro, eram representantes de outro gigante nacional: o transporte urbano de ônibus. Um negócio de R$ 28 bilhões que transporta 60 milhões de passageiros todos os dias e emprega 500 mil pessoas.

A pujança dos números esconde uma crise de duas décadas. Com passageiros desembarcando do "busão" para pegar trem, metrô, carro, moto e bicicletas, ano a ano os ônibus carregam menos pessoas.

Nos últimos 15 anos, a queda acumulada foi de 35%.

Em um esforço para conter essa tendência, o setor foi buscar uma solução em Bogotá, capital da Colômbia -o chamado BRT (Bus Rapid Sistem).

Na década passada, os bogotanos decidiram aperfeiçoar um sistema conhecido dos brasileiros, o chamado "Expresso", inventando em Curitiba na década de 1990. Com os mesmos recursos com que fariam um inexpressivo metrô de 12 km, a cidade colombiana ergueu em dois anos 85 km de linhas de expressos.

Em uma inovação em relação a Curitiba, o fluxo de ônibus é controlado por um centro operacional e, nas paradas, há duas pistas, para permitir ultrapassagens.

Assim, os veículos não perdem tempo estacionados nos pontos e os intervalos são regulados para evitar estações lotadas, resolvendo problemas que faziam com que os "Expressos" fossem mal avaliados em testes em cidades fora do Brasil.

Os resultados de Bogotá levaram a indústria de ônibus a outro patamar. Nunca um sistema de ônibus havia transportado tanta gente: 40 mil pessoas por hora num sentido (o normal são 6.000).

O mundo resolveu copiar e quase cem outras cidades já utilizam o novo sistema.

No Brasil, pegando carona nos projetos de mobilidade urbana da Copa do Mundo, seis cidades brasileiras vão ganhar BRTs até 2014: Porto Alegre, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Manaus. Um programa nacional prevê que o sistema envolva cerca de 60 cidades até o fim da década.

Fabricantes de ônibus já perceberam o potencial do novo sistema e começam a desenvolver veículos mais confortáveis, seguros, eficientes e menos poluentes.

A Volvo, uma das maiores do mundo, criou um sistema que informa aos passageiros, por SMS, quando o veículo vai passar no ponto em que ele está. A ideia já foi posta em prática em Goiânia, capital de Goiás.

SÃO PAULO

A capacidade de transporte elevada e o tempo de implantação mais curto faz gente do ramo refletir sobre o que é melhor para megacidades como São Paulo.

O plano do governo paulista é fazer 22 km de BRT até 2020, ao custo de cerca de R$ 300 milhões. Segundo a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo (EMTU), o BRT Perimetral Leste-Jacu Pêssego atenderá uma área onde está concentrado mais de 1,5 milhão de habitantes.

Já para metrôs e metrôs leves, constam do plano 187 km de novas linhas até 2020, ao custo de R$ 30 bilhões. O prazo parece ousado para um sistema que construiu apenas 75 quilômetros em quase 40 anos.

"É um projeto grandioso e difícil, por motivos ainda não evidentes como embargos, licitações etc. Mas não é impossível", diz Cláudio Senna Frederico, ex-secretário de Transportes da Estado.

Para o professor Telmo Porto, da Politécnica da USP, não há solução melhor.

"O BRT pode ser complementar na equação do transporte público, mas não substituto [do metrô]. Existe aplicação para os BRTs, mas complementarmente em São Paulo", defende Porto.


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