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Greve já provoca escassez de gás de cozinha em São Paulo
Estoques chegam a 10% do habitual e cidades do interior já têm restrição
Justiça determinou que percentual mínimo seja mantido; empresas dizem não ter condições de atender reivindicações
A greve dos trabalhadores das distribuidoras de botijões de gás de cozinha de São Paulo já provoca escassez do produto e alta de preço em várias cidades do Estado. O movimento, decretado nesta semana, não afeta o gás encanado, segundo a Comgás.
Na Grande São Paulo, o estoque está em torno de 10%. "Se não voltar, entre domingo [amanhã] e segunda-feira faltará gás", diz Robson Carneiro, presidente do sindicato das revendedoras da região metropolitana de São Paulo.
No interior, os estoques estão até 90% abaixo do normal e há falta em cidades como Sorocaba, Campinas, São Carlos e Araraquara.
"O gás está racionado em todo o Estado", disse Giovanni Buzzo, presidente do Siregás, que representa revendedores do interior.
As distribuidoras de gás da cidade de Paulínia (a 119 km da capital), responsável pelo abastecimento de quase 50% do Estado, passam por uma paralisação completa.
Buzzo afirma que já há problemas em indústrias e escolas. Para amenizar o problema, as revendas estão recebendo botijões de distribuidoras do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e do Paraná, mas há limites de cotas.
Há registros de ágio de mais de 100%, com botijões a R$ 100, segundo Buzzo.
A distribuição está restrita a creches, hospitais e postos de saúde, segundo Marcos Casa, assessor político do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Campinas e Região.
Em São José dos Campos, o preço que tem sido cobrado pelo gás de cozinha é de R$ 70, quando o normal seria entre R$ 40 e R$ 45. Isso também está acontecendo no Vale do Paraíba, no Litoral Norte e na Serra da Mantiqueira.
GRANDE SÃO PAULO
Com a paralisação, 500 mil toneladas de gás deixam de ser engarrafadas por dia nas cinco unidades de distribuição da Grande São Paulo, sendo 185 mil toneladas de gás domiciliar. O setor tem aproximadamente 5.000 e cerca de 3.000 indiretos, segundo a diretora do Sindminérios, Valéria Medeiros.
Os TRT de São Paulo e Campinas determinaram funcionamento mínimo de 30% da produção na região metropolitana e 40% nos municípios do interior.
A situação só deve se normalizar após o julgamento do dissídio, na próxima semana, mas pode ser atrasado pelo feriado da República, no dia 15.
(EDUARDO VASCONCELOS, VALMAR HUPSEL FILHO, JULIANA COISSI, AUGUSTO FIORIN)