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Cego é arma de clientes contra banco

Deficiente visual que se sentiu discriminado ao não conseguir aderir a fundo é trunfo de cotistas que querem ressarcimento

Ao serem considerados clientes, aplicadores terão direito a até R$ 70 mil do Fundo Garantidor de Créditos

DE SÃO PAULO

Um cliente cego que se sentiu discriminado por atendentes do Banco Cruzeiro do Sul é hoje uma das principais armas dos cotistas vítimas do banco para um dia receber parte do dinheiro investido.

Chamado Renato Dinoa, o cego insistiu para entrar nos Fundos de Investimento em Participações Platinum e Equity, que, em 2010, eram considerados um supernegócio e hoje não valem nada.

Como Dinoa só assinava os contratos após levar para o advogado ler, os funcionários do banco ficaram com receio e preferiram não admiti-lo como investidor.

Se sentindo discriminado pela deficiência, Dinoa reclamou de mau atendimento ao Banco Central e à CVM (Comissão de Valores Mobiliários), que cobraram explicações do Cruzeiro do Sul.

Em carta, um funcionário do banco negou que houve mau trato, mas descreveu as características da aplicação, como uma entre as várias oferecidas pelo banco.

Para os advogados do escritório de advocacia Souza, Cescon, que defendem os cotistas, as correspondências mostram que o Cruzeiro do Sul tratava os clientes e os cotistas dos fundos da mesma forma.

Eles reuniram ainda extratos bancários que mostram saques dos fundos lançados como movimentação bancária dos clientes.

SEM DIREITOS

Os dois fundos, que chegaram a ter R$ 450 milhões, aplicavam em títulos de dívida (debêntures) de uma empresa particular da família do ex-dono Luis Octavio Indio da Costa. Portanto, são considerados uma aplicação fora do banco.

A estimativa é que essa empresa não tenha mais de R$ 20 milhões em participações -na melhor das hipóteses, poderia cobrir 5% das aplicações.

A maioria dos fundos do Cruzeiro do Sul aplicava em títulos que representavam empréstimos com desconto em folha de servidores e pensionais, principal negócio do banco.

Mesmo com a liquidação do banco, os cotistas desses fundos têm em mãos as garantias desses empréstimos.

Reunidos em uma associação, cerca de 150 cotistas desses fundos pedem na Justiça que sejam reconhecidos como os demais clientes do Banco Cruzeiro do Sul.

O reconhecimento de que eram clientes do banco pode dar o direito ao ressarcimento de até R$ 70 mil do FGC (Fundo Garantidor de Créditos) e torná-los elegíveis para se tornarem credores da massa liquidada do banco. Mesmo assim, serão um dos últimos a receber algo porque não têm garantias.

"O cego quis muito estar aqui com a gente, entre as vítimas do Cruzeiro do Sul, mas o banco acabou dando para ele um CDB. O caso dele foi um dos que mais ajudaram a reunir documentos para demonstrar a relação do banco com os clientes", disse a advogada Viviane Amaral, que também aplicou no fundo.


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