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Bancos têm o pior resultado desde o início da crise global

Menor concessão de crédito, calote recorde e juros baixos impactam setor

Economista afirma que há também dificuldade metodológica de aferir geração de riqueza do setor financeiro

TONI SCIARRETTA DE SÃO PAULO

O setor financeiro, um dos mais estáveis da economia, decepcionou no terceiro trimestre deste ano, com retração de 1,3% em relação ao trimestre anterior.

Foi a maior queda no segmento -que engloba bancos, seguradoras e demais intermediadores financeiros- desde o último trimestre de 2008, logo após a quebra do banco Lehman Brothers.

À época, os bancos cortaram empréstimos com receio da contaminação do Brasil pela crise externa.

Provocada pela menor concessão de crédito, pela inadimplência em alta e pelos juros mais baixos, a retração do setor financeiro no terceiro trimestre não estava nos cálculos dos economistas, segundo Rafael Bacciotti, analista da Tendências.

A inadimplência do consumidor está em 7,9%, nível recorde.

O resultado sugere ainda um esgotamento da capacidade do setor financeiro de fomentar o crescimento da economia baseado no consumo, no momento em que o governo busca estimular a concorrência bancária por meio dos bancos públicos.

Segundo Luis Miguel Santacreu, analista de bancos da Austin Rating, os juros menores apertaram as margens de ganho dos bancos, que também são afetados pelos calotes e pela necessidade de aumentar as provisões para cobrir perdas com crédito.

Para Santacreu, houve uma redução importante na demanda de crédito pelas empresas no período.

Ele diz que o desempenho da indústria e do comércio, que costumam emprestar no terceiro trimestre para aumentar a produção no fim de ano, também decepcionou.

"Isso pode ser uma fotografia momentânea, e no quarto trimestre teremos uma recuperação. Mas também pode ser que o modelo de crescimento da economia baseado no crédito ao consumo está se esgotando", afirma.

"Seja porque as famílias estão endividadas, seja porque a demanda por consumo não é mais a mesma."

"Mas as perspectivas são favoráveis para 2013, com a redução da inadimplência", diz Bacciotti.

Na avaliação de Santacreu, o crescimento econômico dependerá nos próximos meses de um crédito mais focado nos investimentos de longo prazo, como para as obras de infraestrutura e para a ampliação do parque produtivo, feitos com a emissão de títulos de dívida privada no mercado de capitais.

ANOMALIA BANCÁRIA

Para Luiz Troster, especialista em bancos, a retração pode estar mais ligada à dificuldade metodológica dos pesquisadores de captar a geração de riqueza promovida pelos bancos. O desempenho do setor é "resíduo" do que foi produzido pelos demais setores da economia.

Troster explica que a intermediação financeira se relaciona com todos os setores, como consumo das famílias ou investimentos do setor privado, pois o capital é necessário a todas as atividades.

Por esse motivo, o crescimento medido pela cobrança de juros pode aparecer em outros segmentos que não o de intermediação financeira.

"Não é verdade que houve retração no setor bancário. O setor continua crescendo, está bem e é sólido. Parece mais um problema metodológico antigo de aferir a geração de produto dos bancos."


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