Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mercado

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

'PIB Fuleco' reduz previsão de analistas

Resultado mais fraco que o esperado no 3º trimestre diminui estimativa de crescimento em 2012 para até 0,8%

Maiores preocupações são sinais de retomada fraca dos investimentos e risco de depreciação maior do câmbio

ÉRICA DE FRAGA DE SÃO PAULO PEDRO SOARES DO RIO

O desempenho da economia bem mais fraco do que o esperado detonou uma avalanche de reduções nas projeções de analistas para o crescimento em 2012 e 2013.

Enquanto esperavam o resultado que seria divulgado ontem, alguns economistas já se preparavam para diminuir suas estimativas com base em indicadores que apontavam fraqueza da atividade nos últimos meses do ano. Era o caso, por exemplo, da equipe do Itaú Unibanco.

Mas o número de ontem pegou até os mais pessimistas de surpresa. Isso provocou revisões mais significativas do que o previsto e levou o Santander a se referir ao resultado como "PIB Fuleco" (referência ao mascote da Copa do Mundo) em relatório.

As projeções do mercado para a expansão em 2012, que eram, em média, 1,52%, agora variam de 0,8% a 1,2%.

Para 2013, a tendência é que as projeções (que, em média, eram de 3,82%) caiam para algo entre 3% e 3,5%.

Ainda resta muita incerteza e opinião divergente no mercado sobre a retomada da economia. Sinais mistos de recuperação nos últimos meses alimentam as dúvidas:

"A recuperação está muito mais lenta do que se imaginava", disse Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú Unibanco, em entrevista a jornalistas na quarta-feira.

O principal entrave a uma expansão mais vigorosa, dizem os analistas mais pessimistas, é a recuperação fraca dos investimentos.

No período entre julho e setembro, houve contração de 2% em relação ao segundo trimestre (o dobro da maioria das projeções dos analistas).

ACORDAR O MORTO

Segundo o economista Fernando Montero, da corretora Convenção, o maior problema é que os "investimentos resistem a estímulos que, em outra conjuntura, acordariam um morto".

Ele se refere à longa lista de incentivos oferecidos nos últimos meses pelo governo, como redução dos juros de financiamentos por parte do BNDES, a queda da Selic e a desoneração da folha de pagamentos para alguns setores, entre outros.

Por outro lado, há um rol igualmente extenso de possíveis causas para o ânimo ainda tépido dos investidores.

"Serão três anos seguidos de expansão provavelmente baixa e aquém do que os investidores esperavam para o país há alguns anos", escreveu o economista Sergio Vale, da MB Associados, em relatório ontem.

Segundo o economista Armando Castelar, da FGV (Fundação Getulio Vargas) e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), a crise externa contribui para a cautela dos investidores, principalmente os do setor de commodities.

Mas, para Castelar, há outros fatores mais significativos, como aumento dos custos da indústria (com mão de obra e bens de capital importados mais caros).

Ele cita ainda incertezas regulatórias e redução da capacidade de investimento das estatais em razão de controle de preços que reduziram suas margens de lucros.

Pesquisa da FGV revelou que o Índice de Confiança da Indústria (ICI) recuou 0,8% entre outubro e novembro (com ajuste sazonal).

Segundo Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco, embora essa queda tenha ocorrido após três meses consecutivos de alta, o nível de confiança dos empresários do setor ainda não é compatível com um ritmo mais acelerado de crescimento.

O economista Octavio de Barros, diretor do Bradesco, destoa do tom pessimista:

"O investimento vem se recuperando bastante bem nesse quarto trimestre", disse.

Para ele, empresários devem reagir de forma positiva aos estímulos voltados para o setor de bens de capital.

Essa também é a opinião da LCA Consultores. A consultoria ressaltou que há indícios de recuperação dos investimentos desde outubro.

CÂMBIO PREOCUPA

Otimistas e pessimistas dividem uma preocupação: o rumo da taxa de câmbio. O temor é que o real se deprecie mais, tendo impacto negativo sobre a inflação, o que poderia levar a uma desaceleração da economia.

"Uma nova rodada de depreciação do real pode ser gol contra no curto prazo", afirma Barros.

Alguns economistas também receiam que o governo tome outras medidas intervencionistas e que isso afaste ainda mais os investidores:

"Os investidores começam a questionar o Brasil por seu crescimento e intervencionismo. Esse PIB piorará os dois", afirma Montero.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página