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Análise

'Tsunami de dólares' e 'guerra cambial' eram apenas ilusões

SIDNEI NEHME ESPECIAL PARA A FOLHA

O governo brasileiro trabalhou com perspectivas extremamente otimistas de fluxo de recursos externos em 2012.

Vislumbrou efeitos imediatos de uma "guerra cambial" que provocaria "tsunamis de dólares", tentando exportar as nossas culpas pela atratividade dos nossos juros elevados e mercado de derivativo extremamente aberto à especulação, que apreciavam o real, em grande parte artificialmente, culpando os programas de estímulo à economia de países desenvolvidos.

Adotou, então, a partir de março-abril, várias barreiras normativas para dificultar o ingresso de recursos e a especulação, atingindo até os limites de posições vendidas dos bancos no mercado de câmbio à vista, mas o fez de forma muito abrangente e errou na dose e na amplitude.

A nossa moeda, o real, perdeu o "encanto" no mercado internacional, pois na realidade era boa para especular, mas não como reserva de valor. O país perdeu a atratividade e o fluxo cambial passou a evidenciar isso desde maio, aprofundando o quadro em outubro, com alívio em novembro, mas com os bancos já detendo posições vendidas no mercado à vista.

Mas muitos não se aperceberam dessa nova realidade e ainda viam o preço do dólar com suporte a R$ 2,00 unicamente pela vontade do governo, após o susto com os resultados da atividade industrial em setembro, chegando até a afirmar que o preço seria de R$ 1,80 caso não estivesse sendo administrado.

Mais recentemente, a queda do fluxo de recursos se acentuou e projetou a taxa cambial em tendência de alta. Falta de dólares no mercado à vista impacta no juro dólar do mercado de cupom cambial-DDI e a pressão vem de ambos os lados.

O BC, que havia aceitado a alta para R$ 2,10 focando ajudar a indústria nacional, viu a taxa cambial ser pressionada até R$ 2,13. Realizou múltiplos leilões e chegou ao leilão efetivo de divisas na forma conjugada de venda pronta contra compra futura.

Não logrou sucesso, pois o mercado de câmbio precisava de dólares à vista, disponíveis. Mas realizar leilão de dólares à vista no mercado poderia trazer certo constrangimento ao governo, que havia visto "tsunamis" e justamente num momento em que fora divulgado o PIBinho do 3º trimestre do ano, o que poderia criar ruídos.

A opção foi então reverter parte das "amarras", pois, afinal, já não há ambiente para ilações de que possam ingressar focando especulação.

Tudo sugere que isso deva ser suficiente para aumentar o fluxo de recursos e evitar o constrangimento de o BC ter que realizar leilão de venda de dólares à vista.

A tendência agora é que o dólar retorne gradativamente à banda de R$ 2,05 a R$ 2,10. Novas "liberações" do administrador dependerão da inflação.


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