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Juros podem dobrar valor do empréstimo
Pesquisa mostra que, em financeiras, custo efetivo total de crédito pode chegar a 500% ao ano
Teste relatou ainda dificuldade em ter acesso ao custo do crédito em algumas instituições financeiras
Encargos como juros, tarifas e seguros podem levar o valor final de um crédito pessoal a mais do que dobrar.
É o que mostra uma pesquisa da Proteste (associação de defesa do consumidor), obtida com exclusividade pela Folha, que fez três simulações de crédito pessoal em 13 instituições financeiras e mostrou que o chamado CET (custo efetivo total) aumenta muito o total do empréstimo.
Um crédito de R$ 2.000 pode sair por mais de R$ 4.500 ao final da quitação.
O CET considera a taxa de juros cobrada pela instituição e outras despesas incluídas na operação de crédito, como tarifas e seguros. Por isso, a associação alerta que, para saber qual o crédito mais vantajoso, é preciso olhar o CET.
"Se você precisou do crédito, faça uma pesquisa nos bancos, sempre olhando o CET", diz Renata Pedro, estatística da Proteste.
DIFICULDADES
As instituições financeiras são obrigadas, por uma resolução do Banco Central, a informar o custo efetivo total antes da contratação de um crédito, a qualquer tempo, a pedido do cliente.
A pesquisa relatou, porém, dificuldades em algumas delas para obter a informação.
O HSBC não informou o CET na simulação feita pelo Proteste -sem se identificar- na agência, e avisou que o cliente só obteria essa informação na hora do contrato.
No banco Cacique, na BV Financeira e no Panamericano, em simulações feitas por telefone, foi informada apenas a taxa de juros, mesmo após o CET ser pedido.
As outras instituições informaram o CET, embora, em alguns casos, somente depois de mais de uma tentativa.
A pesquisa mostrou que o custo efetivo total encontrado em alguns bancos era muito mais elevado do que as taxas de juros informadas pelo BC em novembro de 2012.
A distância não deveria ser tão grande já que, entre os custos que compõem o CET, os juros representam a fatia mais alta.
Segundo o estudo, no BC, as taxas de juros -que não incluem demais despesas da operação- variavam de 24% ao ano a 63% ao ano e os valores de CET calculados pela Proteste ficaram entre 49% e quase 199% ao ano. Esses valores se referem apenas aos bancos. As taxas de juros das financeiras não foram encontradas pela Proteste no BC.
"O CET não é muito mais alto que a taxa de juros. Comparamos [os juros] com o CET para ver se estava no mesmo padrão e não estava. As taxas de juros são os bancos que informam ao BC", diz Renata.
Segundo a Proteste, o valor do CET cobrado pelas financeiras pode chegar a 500%. Essas instituições, em geral, oferecem condições piores do que a dos bancos porque fazem menos exigências para emprestar.
A Proteste fez a pesquisa se passando por consumidor nas 13 instituições, algumas vezes, na própria agência e, em outras, por telefone ou pela internet, e calculou o CET com base no valor da parcela do empréstimo.
Especialistas dizem que o consumidor deve exigir todas as informações antes de contrair um empréstimo. "A pessoa está vulnerável. É parte do negócio do banco vender dinheiro. Você tem que exigir tudo", diz o educador financeiro Reinaldo Domingos.