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Agropecuária exige união de pequenos

Responsável por 13,6% do valor da produção nacional, classe média rural ganha força com associação de agricultores

Para sobreviver num setor de gigantes, saída é juntar forças para ter acesso a tecnologias e negociar melhor

TATIANA FREITAS DE SÃO PAULO

Entre os extremos de renda no campo, existe uma classe média que responde por quase 14% do valor da produção agropecuária nacional.

São pequenos e médios produtores, espremidos entre a agricultura familiar e os gigantes do agronegócio. Como estão fora de programas assistenciais e não têm a escala dos grandes grupos, a chamada "classe C rural" busca competitividade na união com outros produtores.

"A única forma de sobreviver é adoção de alto padrão de tecnologia e a organização em formas associativas de produção", afirma Mauro de Rezende Lopes, pesquisador do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da FGV).

Para o coordenador da pós-graduação em agronegócios da FGV, Fábio Mizumoto, o pequeno produtor tem duas alternativas clássicas: associar-se a outros agricultores ou produzir especialidades.

Marcos Guilherme Eltink, produtor de flores em Holambra (SP), optou pelos dois. Deixou a produção de grãos e citros da família e migrou para as flores. Escolheu cyclamen, de maior valor agregado, e investiu em tecnologia.

Os 50 mil vasos produzidos por mês na Alameda Flores saem de estufas com controle de temperatura e umidade. O retorno compensa, diz ele, sem falar em cifras.

Ao reconhecer a falta de habilidade comercial, Eltink adotou a segunda recomendação de especialistas e procurou se associar. "O agricultor sabe produzir bem, mas na hora de comprar e vender, peca", afirma o produtor, um dos 300 membros da cooperativa Veiling, de Holambra.

COOPERATIVISMO

As cooperativas são o caminho mais procurado por pequenos agricultores para sobreviver em um setor dominado pelos grandes -a classe A/B responde por 79% do valor da produção nacional.

A concentração ocorre porque a atividade agropecuária requer alto investimento inicial, comparada com outros setores, como o de serviços.

Além da terra, o produtor precisa de sementes, agroquímicos, máquinas e, em alguns casos, local para armazenagem. Comprar tudo sozinho, para produzir um volume pequeno, é inviável.

"Individualmente, é um jogo muito desigual", diz Márcio Lopes de Freitas, presidente da OCB (Organização das Cooperativas Brasileiras).

Além do apoio na compra e venda, Freitas diz que o cooperativismo pode aproximar o produtor da tecnologia. "Em conjunto, o acesso à tecnologia é mais fácil", afirma.

Valdir Sangaletti, da Emater/RS, destaca o caráter educativo das cooperativas. "Muitas vezes o produtor não sabe nem qual é o seu custo de produção", diz o agrônomo que trabalha no interior do Rio Grande do Sul.

"Se não existissem as pequenas cooperativas de leite, muitas famílias já teriam desistido da atividade aqui."

Outra forma comum de associativismo são os consórcios e condomínios agrários. Nesse modelo, produtores se unem para comprar bens, como terras, máquinas ou silos.

Apesar de obedecer a um estatuto, nos condomínios os produtores são parceiros e trabalham de forma mais independente do que nas cooperativas, onde são sócios.


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