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Governo vai reforçar discurso de BC autônomo

Objetivo é afastar percepção de que juros só não sobem pela interferência do Planalto

VALDO CRUZ NATUZA NERY DE BRASÍLIA

A presidente Dilma Rousseff orientou a equipe econômica a deixar claro que o BC tem total autonomia para decidir subir os juros quando considerar necessário.

O objetivo é influenciar nas expectativas de mercado, tentando afastar percepções de interferência sobre a condução da política da entidade.

Segundo assessores, Dilma quer transmitir esse recado porque estava se cristalizando o conceito de que o BC está de "mão atadas" e não subiria a Selic neste ano devido a pressões do Planalto.

Para interlocutores presidenciais, o próprio governo contribuiu para que fosse criada essa imagem de que o BC na era Dilma tem menos autonomia do que no governo Lula, o que dificulta a ação do banco em momentos mais turbulentos na economia.

Para reforçar a imagem de autonomia, assessores dizem que, na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o BC pode emitir sinais de uma eventual mudança na taxa de juros, suprimindo suas últimas recomendações de manutenção da política atual por um "tempo suficientemente prolongado".

Essa mudança pode ocorrer caso o BC avalie que há riscos de alteração no cenário atual do banco sobre o comportamento da inflação. A previsão é que a inflação fique acima de 6% no primeiro semestre, recuando no segundo. Caso esse cenário se confirme, tanto o BC como o Palácio do Planalto consideram que o Copom pode ter condições de deixar inalterados os juros, hoje em 7,25%.

MOSCOU

Quando tratou do assunto na semana passada, na reunião do G20 na Rússia, o ministro Guido Mantega (Fazenda) buscou, segundo assessores, reforçar a orientação de que o BC tem total autonomia para subir os juros.

Suas declarações, contudo, acabaram causando ruídos pelo tom usado na entrevista e provocaram uma alta dos juros no mercado futuro.

Na ocasião, Mantega disse que "[a inflação] acima do centro da meta já acende o sinal de alerta e o governo fica atento para ver se não vai sair de controle". Afirmou ainda que "o BC tem que ficar vigilante e, se a inflação não ceder espontaneamente, tomará as devidas providências".

As frases de Mantega em nada se parecem com as previsões dadas há cinco meses, em visita a Paris, quando afirmou que a inflação não seria "preocupante" em 2013 e que a tendência era de um índice mais "benigno" neste ano.

O Banco Central não comentou as declarações de Mantega, mas afirmam reservadamente assessores que o ideal é que o tema juros fique sob responsabilidade apenas do banco exatamente para evitar "ruídos" na política.


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