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Análise

Não basta focar os esforços em manter câmbio real competitivo

Seria desejável avançar em um orçamento de capital para orientar o modo do investimento privado no país

LUIZ GONZAGA BELLUZZO ESPECIAL PARA A FOLHA

Desde meados dos anos 80 do século 20, a estrutura e a dinâmica da produção e do comércio globais foram transformadas pela concomitância entre os movimentos da grande empresa dos países centrais e as políticas nacionais dos emergentes (particularmente as da China).

O Brasil, protagonista das décadas anteriores, ficou fora do jogo, golpeado pela crise da dívida externa dos anos 1980 e depois paralisado pela política cambial e de abertura sem estratégia na posteridade da estabilização dos anos 1990.

O país não conseguiu acompanhar a reconfiguração espacial e tecnológica dos núcleos manufatureiros globais. Na primeira década deste milênio, o Brasil valeu-se da dotação de recursos naturais -água, energia, terras agriculturáveis, base mineral- e do dinamismo do agronegócio para ter posição defensiva no comércio mundial.

A situação benigna das commodities provocou o descuido com a persistência dos fatores que determinaram o encolhimento e a perda de dinamismo da indústria: câmbio valorizado, tarifas caras dos insumos de uso geral e uma carga tributária onerosa e kafkiana.

O Brasil está em condições de restabelecer uma macroeconomia da reindustrialização usando de forma inteligente as vantagens que possui e as promessas recentes nas áreas de petróleo e gás.

Não basta concentrar os esforços na manutenção de um câmbio real competitivo ou esperar que a queda dos juros produza automaticamente a recuperação do investimento industrial.

No Brasil dos anos 50, 60 e 70 havia sinergia -como em qualquer outro país- entre investimento público, então comandado por empresas estatais, e o privado.

A crise da dívida externa quebrou as nossas empresas públicas, encalacradas no endividamento em moeda estrangeira. Depois da estabilização de 1994, apesar dos avanços na área fiscal, os governos sucessivos se empenharam, mas não conseguiram administrar de forma eficaz os gastos de capital.

Mas há esperanças. Seria desejável aprimorar a gestão do gasto público e avançar na constituição de um orçamento de capital para orientação das estratégias de investimento privado. O volume elevado de investimento público em infraestrutura na China é importante para a formação da taxa de crescimento.

Mas não é só. Também é decisiva a política industrial fundada na formação de "redes de produtividade" entre as construtoras e seus fornecedores. As encomendas para os provedores nacionais têm critérios de desempenho para as empresas encarregadas de dar resposta à demanda de equipamentos, peças e componentes.

LUIZ GONZAGA BELLUZZO é professor titular da Unicamp.


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