Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Mundo

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Filha de dono de quitanda mudou política britânica

OSCAR PILAGALLO ESPECIAL PARA A FOLHA

Margaret Thatcher foi um dos poucos políticos contemporâneos a quem se pode aplicar, sem exagero, o rótulo de revolucionário. O mundo em 22 de novembro de 1990, quando ela deixou o poder, não era o mesmo de 4 de maio de 1979, data do discurso de posse como primeira-ministra britânica.

Seu governo estará para sempre ligado ao neoliberalismo, mais tarde praticamente hegemônico no Ocidente. Foi ela quem, após colocar de joelhos o poderoso sindicalismo britânico, implantou uma série de políticas que liberou as forças do mercado.

Do ponto de vista ideológico, Thatcher foi mais importante que Ronald Reagan, que governou os EUA na mesma época. Os dois se baseavam na mesma cartilha liberal, mas, enquanto ele tinha um enfoque mais pragmático (basicamente, reduziu o peso do Estado cortando impostos), ela estava empenhada em fundar um capitalismo popular, pulverizando o controle das estatais e viabilizando o acesso da classe média à casa própria.

O programa econômico de Thatcher sempre foi atacado pelas esquerdas, obviamente, mas as críticas não ideológicas só ganhariam maior repercussão nas crises econômicas mundiais recentes, uma vez que uma de suas causas foi a desregulamentação do setor financeiro.

A influência de Thatcher, no entanto, vai além do campo econômico. Na política internacional, a vitória do livre mercado sobre a economia de planejamento central ajudou a minar a União Soviética.

O legado político é realçado pela trajetória pessoal. Líder estudantil conservadora, a filha de um quitandeiro tentou uma vaga no Parlamento em 1950, aos 25 anos, mas só se elegeria em 1959, na terceira tentativa.

A partir daí, a carreira decolou: ela foi a primeira mulher a governar um país na Europa e o político britânico que ocupou por mais tempo o cargo desde o início do século 19, tendo sido reeleita duas vezes, um recorde que só seria igualado pelo trabalhista Tony Blair.

A firmeza com que defendia suas ideias lhe valeu o apelido de Dama de Ferro, que ela adotou e reforçou com um penteado austero. Centralizadora, a governante impunha sua vontade sobre seus ministros, que dispunham de limitada autonomia.

Após deixar o poder, ganhou o título de baronesa e passou a ser uma das mais requisitadas (e bem remuneradas) conferencistas do mundo.

OSCAR PILAGALLO é jornalista e autor, entre outros livros, de "História da Imprensa Paulista" e "A Aventura do Dinheiro". Viveu em Londres durante metade do mandato de Thatcher.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página