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Privilégio do governo em campanha mina confiança na democracia, diz analista

DA ENVIADA A CARACAS

É difícil dizer que as condições desiguais da campanha na Venezuela que favorecem o governo chavista sejam determinantes para o resultado nas urnas, mas a situação mina a confiança no sistema eleitoral e é problemática para a democracia.

Quem diz é David Smilde, professor de sociologia da Universidade da Geórgia (EUA) que acompanha a política venezuelana desde 1992 e mantém blog sobre o tema para a ONG americana Wola.

Smilde prepara um livro sobre política e direitos humanos na Venezuela sob Chávez e ontem, após seguir mais um dia de votação em Caracas, falou com a Folha. Leia trechos da entrevista.

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Folha - O sr. aponta que não há controle do uso de dinheiro público nem veto a liberação de verbas e inaugurações durante a campanha na Venezuela, o "vantagismo" do governo. Ter eleições livres, mas não justas, distorce o resultado final?

David Smilde - É difícil saber. Se analisarmos os resultados das votações, em condições mais ou menos iguais nos últimos dez anos, e compararmos com a popularidade de Chávez, os números são bem próximos. Seria mais preocupante se um presidente pouco popular ganhasse.

Mas, claro, é preocupante porque há muitas coisas nas campanhas que são injustas --liberação de verba, inaugurações, uso da TV. Isso faz as pessoas perderem a confiança no sistema eleitoral e não é bom para a democracia. É lamentável, e o Conselho Nacional Eleitoral tem de atacar essa situação, controlar as condições de campanha.

Por que o senhor diz que essa situação pode piorar?

Neste mês, três reitores [dos cinco que formam a cúpula] do CNE encerram seus mandatos. Quem tem de eleger os novos nomes é a Assembleia Nacional, por dois terços dos votos. Então, poderia ser bom porque o chavismo teria de chegar a algum consenso com a oposição, já que não tem a maioria qualificada.

Por outro lado, pode acontecer o mesmo que em 2003, quando os integrantes do CNE foram indicados pelo Tribunal Supremo de Justiça.

O TSJ apoia totalmente o governo, e provavelmente esse seria o perfil dos indicados. Pioraria a situação, porque o atual CNE tem mostrado algo de independência.

Para Maduro, é importante não só ganhar como manter boa margem de distância de Capriles, concorda?

É importante porque Chávez foi um presidente muito popular. Sua popularidade agora ronda os 70%. Se ele, como sucessor de Chávez, começa a disputa com uma vantagem de 15 pontos percentuais e termina com uma vantagem de cinco, sete pontos, então as pessoas podem pensar que ele é mesmo bem mais fraco que Chávez.

Ou pode ser que esses números levantem dúvidas dentro da coalizão chavista. E a oposição terá uma oportunidade porque vai ver essa debilidade. Se Maduro ganhar com margem pequena, vai ser difícil para ele.


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