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Mercosul é hipócrita, diz líder paraguaio

Presidente Federico Franco diz que seu país foi suspenso pelos parceiros para que Venezuela entrasse no bloco

Segundo ele, Hugo Chávez era um fator de desestabilização política para toda a América do Sul

ISABEL FLECK ENVIADA ESPECIAL A ASSUNÇÃO

Às vésperas das eleições no Paraguai de domingo, o presidente Federico Franco olha para o processo eleitoral na Venezuela --cujo resultado é questionado pela oposição-- e não resiste à comparação da reação dos vizinhos.

"Nós saímos do Mercosul para que entrasse a Venezuela: e olhe o que aconteceu. O problema de algumas chancelarias do Mercosul é como sair do imbróglio no qual se meteram", disse à Folha, em entrevista em Assunção.

Para ele, a "hipocrisia" de Brasil, Argentina e Uruguai não permite que se suspenda a Venezuela do Mercosul como fizeram com o Paraguai, após o impeachment-relâmpago de Fernando Lugo em junho passado.

Folha - O que mudou para o Paraguai nos dez meses em que esteve suspenso do Mercosul?

Federico Franco - Do ponto de vista das relações econômicas não houve um impacto. Foi uma suspensão política, não participamos de reuniões, de coquetéis.

Mas foi prejudicial ao Paraguai não estar presente?

A sanção foi desmerecida e injusta, mas foi uma decisão política, que agora a hipocrisia do Mercosul não permite tomar com a Venezuela.

[Na Venezuela] houve uma situação diametralmente diferente da nossa: difícil e complicada e, no entanto, a posição do Mercosul foi de dar um jeitinho. Com a gente, foi desproporcional.

A Unasul se reuniu para discutir as eleições da Venezuela. O bloco deveria ser tão duro como foi com o Paraguai?

Não, a Unasul tem que fazer com que se recontem os votos. O processo eleitoral foi no domingo, na segunda de madrugada Maduro foi proclamado vencedor. Em que momento contaram os votos?

Mas no Paraguai os resultados são esperados para horas após o encerramento das eleições...

Mas em qualquer parte do mundo os que competem numa eleição têm que fiscalizar as atas. Não há resultado definitivo até que cada candidato confirme as atas.

O Paraguai precisa voltar ao Mercosul?

O Paraguai deve voltar, é sócio-fundador. Nós saímos do Mercosul para que entrasse a Venezuela: e olhe o que aconteceu. O problema mais grave que atravessam algumas chancelarias do Mercosul é como sair do imbróglio no qual se meteram.

O sr. disse que o Paraguai não está disposto a seguir cedendo energia ao Brasil, e que enviaria ao Congresso um projeto de lei para isso.

O projeto de lei é para que o Paraguai tenha uma política de Estado para o uso de sua energia favorecendo a industrialização. É justo seguir cedendo --e veja que não uso o verbo vender-- a energia ao Brasil ao mesmo preço durante 50 anos?

Mas o Brasil precisa da energia repassada. Há negociação?

Nós comunicaremos o Brasil, gentilmente, mas com firmeza: `Sabe o quê? Vamos usar a nossa energia'. Não há negociação, está no tratado: a energia que o Paraguai não utiliza cede. O próximo governo vai cumprir ou vai ter que mudar a lei.

O sr. disse que é um `milagre' Chávez ter `desaparecido da face da terra'. A região está melhor sem o Chávez?

Eu, como cristão, não posso estar feliz com a morte de alguém. Mas espero que as relações da Venezuela, com Chávez fora do contexto político, sejam melhores. Chávez teve uma posição muito clara a respeito das Farc, e as Farc têm relação com o EPP (Exército Popular Paraguaio).

O impeachment abriu as portas para a volta dos colorados?

Sempre se deu o enfrentamento entre colorados e liberais. Mas é claro que espero que vença o Efraín Alegre.


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