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Chavistas cerceiam deputados da oposição

Presidente da Assembleia cassa palavra de deputados ligados a Henrique Capriles, que pede recontagem de votos

Oposicionistas também perdem comissões que controlavam na Casa; Maduro toma posse hoje, com presença de Dilma

FLÁVIA MARREIRO ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

Além da Justiça e do Ministério Público, a pressão sobre a oposição na Venezuela chegou agora ao Legislativo.

O presidente da Assembleia Nacional, o chavista Diosdado Cabello, decidiu vetar a palavra a deputados opositores e os destituiu da direção de comissões parlamentares.

A oposição, liderada por Henrique Capriles, pede uma recontagem dos votos após a derrota apertada para Nicolás Maduro na eleição presidencial do último domingo.

Em reação, a bancada da coalizão opositora MUD (Mesa da Unidade) anunciou que não assistirá à posse de Maduro hoje. A presidente Dilma Rousseff participará.

A oposição, dona de 41% das cadeiras (68 de 165 deputados), tinha quatro presidências e quatro vice-presidências das 15 comissões parlamentares da Casa.

Cabello resolveu destituí-los em represália ao pedido de auditoria de 100% dos votos na eleição que deu a vitória de Maduro por 50,75% contra 48,97% de Capriles. Ele tem essa prerrogativa, segundo o regimento.

"Enquanto eu for presidente da Assembleia e vocês não reconheçam Nicolás, não os reconheço e não voltarão a ter direito de palavra. Saiam daqui, se quiserem. Vão falar na Globovisión", provocou Cabello, citando a emissora crítica ao chavismo.

Foi mais um dos movimentos do chavismo contra a oposição liderada por Capriles, governador do Estado de Miranda, que se negou a reconhecer a vitória de Maduro até que o CNE (Conselho Nacional Eleitoral) faça a auditoria completa da votação.

Maduro, escolhido como herdeiro por Chávez antes de morrer, tem subido o tom do discurso e as ações desde domingo e acusado os oposicionistas de tentar um golpe de Estado. Por duas vezes exigiu, na TV, que emissoras privadas escolham de que lado estão.

A Justiça e o Ministério Público, alinhados ao chavismo, responsabilizaram publicamente Capriles por oito mortes de seguidores chavistas que, segundo o governo, foram provocadas por partidários da oposição após a convocação de governador a protestos contra o resultado eleitoral. As circunstâncias das mortes são questionadas por opositores.

O chavismo também ameaça pedir "ausência" de Capriles do cargo de governador.

PARADA MILITAR

Após a cerimônia de posse na Assembleia, Maduro, que assume o poder para governar o país até 2019, liderará desfile "cívico-militar", num momento em que precisa enviar mensagem de controle sobre as Forças Armadas.

Nesta semana, ele admitiu que o governo investiga "um pequeno grupo de militares" por suposto envolvimento em atividades "desestabilizadoras" da oposição.

Apesar do respaldo na região, Maduro começa o governo fragilizado, inclusive dentro do chavismo, pela magra vitória eleitoral e tendo de lidar com uma crise.

"Não serei um presidente fraco, mas de mão dura contra o golpismo, a ineficiência, a corrupção", disse Maduro em cadeia nacional obrigatória de rádio e TV ontem, antes de partir para Lima, onde os presidentes da Unasul (União das Nações Sul-Americanas) realizariam reunião de emergência para discutir a tensa situação pós-eleitoral.


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