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Depoimento

Dia em Boston teve clima sinistro de filme ruim

A noite foi de tiroteios, bombas lançadas pelas ruas e perseguições; polícia dizia na TV a toda hora: "fique em casa"

O governo suspendeu o serviço de transporte público durante quase o dia todo. Das 5h45 às 18h15 não havia metrô

VINICIUS TORRES FREIRE DE CAMBRIDGE (EUA)

O barulho de sirenes de polícia começou por volta das 23h de anteontem aqui em Cambridge, quase um bairro de Boston. Foram mais de dez minutos, sem parar. "Outro atentado", imaginei. Liguei a TV. Nada.

Na verdade, tinha começado a caçada aos irmãos Tsarnaev, que moravam aqui em Cambridge e que cometeram os atentados da última segunda-feira, segundo a polícia.

A noite seria de tiroteios, bombas lançadas pelas ruas e perseguições pela cidade. Pouco depois das 6h, a polícia dizia na TV: "fique em casa". O "toque de recolher" seria levantado apenas às 18h10.

O governo suspendeu o serviço de transporte público durante quase o dia todo. Das 5h45 às 18h15 não havia metrô, ônibus e trem. Das 8h30 às 13h não houve táxis. Escolas, universidades e quase tudo mais fechou.

"Não abram as portas para ninguém que não esteja fardado", diziam as autoridades. O governador de Massachusetts, Deval Patrick, foi à TV às 8h da manhã pedir que todos os moradores da região de Boston "se trancassem em casa". Mensagens oficiais de "alerta extremo" chegavam pelo celular.

Pouco antes de 1h, policiais e os irmãos Tamerlan, 26, e Dzhorkar, 19, haviam trocado tiros com a polícia numa cidadezinha vizinha, Watertown, toda de casas de madeira. Tamerlan, ferido, morreria no hospital.

Dzhorkar, foragido por horas, fez colegial em Cambridge, estava matriculado na Universidade de Massachusetts, tinha sido salva-vidas de Harvard e morava a dois quilômetros da minha casa.

BOSTON E CAMBRIDGE

Durante a manhã, não havia quase ninguém na rua além de muita polícia e soldados. Na praça Harvard, centrinho local de comércio, estação de metrô e entrada do campus central da universidade, apenas duas bancas de jornais funcionavam.

De casa, era possível ouvir os sinos das igrejas na cidade silenciosa, entre uma sirene e outra. Clima sinistro de filme ruim. Pela TV, Boston parecia uma cidade morta num dia de calorão neste lugar em geral gelado: 22 graus.

ALERTAS

Às 11h33 de ontem chegava o primeiro alerta da polícia da universidade (Harvard), por e-mail: houve tiroteio no MIT. As universidades maiores têm polícias, que mandam alertas sobre ocorrências sérias e riscos.

As sirenes das 23h eram o começo da caçada dos irmãos. Os Tsarnaev tinham sequestrado um motorista e sua Mercedes SUV preta.

Largaram o homem num posto de gasolina e fugiram no carro. Os irmãos teriam dito a sua vítima que eram os autores do atentado de Boston. O dono da Mercedes chamou a polícia. A perseguição começou.

Na fuga, os suspeitos jogavam bombas pela janela do carro. Policiais ficaram feridos pelos estilhaços.

Às 2h02, alerta da polícia de Harvard: tiroteio em Watertown. Às 5h50, outro alerta: "pacote suspeito no número 500 da Memorial Drive. Fiquem longe do lugar". Quer dizer, suspeita de bomba perto do MIT. As TVs entraram ao vivo entrevistando a família dos suspeitos.

O show continua. Agora que acabo de digitar este texto chega outro alerta da universidade: "tiroteio em Watertown. Fique longe de lá."


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