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Análise

Líderes políticos do país enfim aceitam a lógica das coalizões

WOLFGANG MÜNCHAU DO "FINANCIAL TIMES"

Qual, exatamente, será a tarefa de Enrico Letta e seu novo governo? A resposta intelectualmente preguiçosa é "realizar reformas". Mas reformas são sempre um meio para alcançar um fim.

E qual é o objetivo último do exercício? Eu diria que o presidente Giorgio Napolitano pediu a Letta: "Faça o que for preciso para tornar sustentável a posição da Itália na zona do euro, e faça-o sem recorrer à moratória".

A boa notícia é que o establishment político italiano finalmente aceitou a lógica de uma grande coalizão. Essa é a única constelação possível que poderá garantir um governo estável, após as eleições de fevereiro deste ano.

Não está claro se ela poderá durar. O partido Povo da Liberdade, de Berlusconi, goza de vantagem grande nas pesquisas, e o ex-premiê pode deixar o governo desmoronar a qualquer momento, forçando novas eleições.

Letta já anunciou que sua prioridade será pôr fim à austeridade. Assinalou sua disposição de implementar a promessa do Povo da Liberdade de abolir o imposto predial sobre a residência principal, um dos elementos principais do programa de austeridade do governo anterior.

O problema da austeridade não é apenas que ela é socialmente injusta e politicamente difícil de implementar. Além disso, com juros em quase zero, ela derrota sua própria finalidade.

Assim, Letta tem razão em priorizar o fim da austeridade. Mas vai precisar de boa habilidade diplomática para conquistar a anuência europeia com a mudança de regime que promete.

A segunda prioridade deveria ser consertar os bancos. Enquanto firmas pequenas continuarem a pagar juros de 10% a seus bancos zumbis, a economia não poderá se recuperar. Com o endividamento do setor público perto de 130% do PIB, o Estado não tem os recursos para resolver os problemas bancários.

A não ser que o Banco Central Europeu esteja preparado para ações extremas, a única solução para a região será uma união bancária europeia genuína e retroativa.

Em termos das três prioridades de seu mandato --acabar com a austeridade, resistir à chanceler alemã Angela Merkel e promover reformas--, prevejo que Letta vai fazer de conta que vai tentar realizar a primeira, terá medo de encarar a segunda e atolará na terceira.


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