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Mulheres viviam acorrentadas nos EUA

Eram curtos os intervalos em que Ariel Castro, que deve ser denunciado por sequestro e estupro, as deixava ir ao quintal

Investigado visitou a mãe de uma das moças para se solidarizar com ela por causa do rapto durante uma vigília

JOANA CUNHA DE NOVA YORK

Durante os dez anos em que viveram no cativeiro em Cleveland, até segunda-feira, Amanda Berry, 27, Georgina DeJesus, 23, e Michelle Knight, 32, puderam raramente sentir o calor do sol.

Eram curtos e raros os intervalos em que um de seus opressores, Ariel Castro, 52 --que deve ser denunciado por sequestro e estupro--, as deixava circular pelo quintal nos fundos da casa, segundo informou o chefe da polícia de Cleveland, Michael McGrath.

Correntes e cadeados foram encontrados pelos investigadores, que ocuparam a casa desde que Amanda conseguiu, aos gritos e pontapés, atrair a atenção de vizinhos.

Após as buscas no imóvel, agentes do FBI ainda procuram entender em que situação e em quais cômodos da casa as vítimas permaneceram. Vizinhos ouvidos pela mídia local afirmam que há no imóvel um lugar que pode ter criado condições que dificultaram a descoberta: um escuro e úmido porão de onde seria impossível ouvir qualquer pedido de socorro.

As entrevistas realizadas pela polícia com as vítimas e os suspeitos envolvidos --além de Ariel, seus irmãos Pedro, 54, e Onil, 50, de origem porto-riquenha-- ainda se desenrolavam ontem.

Nenhuma das três mulheres fez declarações publicamente sobre como foi seu confinamento, apesar de uma expectativa de que Amanda, elogiada pela polícia por ter tido a coragem de gritar até romper a prisão, concedesse entrevista a jornalistas que aguardavam ontem na porta de sua casa.

Além das informações amplamente divulgadas desde seu desaparecimento em 2003, o que se conhece de Amanda é apenas a voz desesperada que ligou para a polícia dizendo: "Sou Amanda Berry. Estive no noticiário por dez anos. Estou livre".

No lugar de Amanda, sua irmã, Beth Serrano, agradeceu aos jornalistas pelo apoio dado na divulgação do caso durante os últimos anos, mas disse que ela ainda precisava se recuperar antes de falar.

Informações não confirmadas sugerem que uma quarta mulher pode ter convivido no cárcere. A investigação estaria estudando a possibilidade de que ela tenha morrido, assim como fetos e bebês nascidos nos últimos dez anos no local.

Quando escapou pela porta da frente da casa, Amanda estava acompanhada de uma criança de seis anos que seria sua filha, provavelmente fruto de estupro.

Chocados, vizinhos agora se cobram por jamais terem desconfiado da paisagem de horror escondida na casa.

"Há dois anos, vi Ariel com uma mulher nua no quintal dos fundos. Foi muito estranho", disse Faliceonna Lopez à CNN.

O que se sabia sobre o proprietário da casa, Ariel Castro, porém, é que ele era um homem de hábitos comuns, com quem se podia fazer um churrasco ou acenar sem jamais desconfiar, segundo Charles Ramsey, o vizinho que ajudou Amanda a escapar após ouvi-la gritando.

Para quem o conhecia, Ariel era apenas um ex-motorista de ônibus escolar que os convidava para visitar os bares onde ele tocava como baixista de bandas latinas.

Em uma vigília realizada neste ano, aos nove anos do desaparecimento de Georgina, Ariel foi visitar e consolar a mãe da vítima, que era sua conhecida, antes de ter sido sequestrada.


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