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Análise Terrorismo

Deve-se discutir como a mídia reagiu às imagens de Londres

O 'fato' que poderia conferir ao crime maior relevância seria a existência de vínculos com alguma conspiração

PETER PRESTON DO "OBSERVER"

A matança cometida em Woolwich vista repetidas vezes numa tela ou telinha foi nauseante, repugnante, desprezível. Os adjetivos padrões de rejeição não fazem justiça ao que foi visto.

Mas ela também começou a fazer a discussão sobre o terrorismo, o modo como ele é representado e a cobertura que é feita dele avançar de maneiras inesperadas, extrapolando o velho território do "oxigênio da publicidade", conforme foi mapeado por Margaret Thatcher, e adentrando um mundo mais político, onde o que reina é o oxigênio da histeria.

A discussão começou de maneiras que já nos soam familiares assim que a rede ITV recebeu o vídeo feito com smartphone mostrando o homem de mãos ensanguentadas lançando uma diatribe. Exibir as imagens ou não exibi-las? A Sky News aguardou para tomar uma decisão neste mais recente dilema provocado pelo chamado "jornalismo cidadão", mas o impulso para exibir e publicar as imagens em outras plataformas foi imenso. E isso foi correto, é claro, além de inevitável.

É evidente que os jornais da televisão e as primeiras páginas da mídia impressa deveriam ter mostrado o pleno horror da matança.

Não faz sentido algum desodorizar essa cobertura para proteger os nervos de pessoas melindrosas que porventura estejam assistindo. Não faz sentido algum inundar o sudeste de Londres de polícia e não dizer o porquê.

Mas então têm início os problemas da segunda fase. O episódio em Woolwich mereceu sete páginas de cobertura, como decidiu o "Mail", cinco ("The Guardian") ou quatro ("The Times")? Ele justificou, concomitantemente, o retorno antecipado de David Cameron de Paris, declarações de repúdio feitas por Barack Obama na Casa Branca, Frank Gardner fazendo uma cobertura de segurança completa e o "Newsnight" discutindo o caso à exaustão?

E há mais: quando o dia um deu lugar ao dia dois, a cobertura, ao invés de encolher, aumentou. O "Mail" dedicou 13 páginas ao assunto, com colunas extras. O "Mirror" encontrou um novo vídeo para exibir.

Houve manifestações de indignação com o que o MI5 pode ou não ter sabido e com o que deixou de fazer.

Mais quais eram as queixas? Sob uma manchete no "Mail" sobre "o inimigo interno que odeia nossa tolerância", sir Max Hastings afirmou que a "avalanche de publicidade" é inevitável, mas acrescentou: "Ainda não sabemos se eles agiram sozinhos ou se eram membros de um grupo terrorista".

Essa verdade pode ser expressa em termos ainda mais simples. Não sabemos quase nada. Podemos descrever assassinos como "lobos solitários" ou "loucos aleatórios".

Podemos convocar supostos especialistas de Washington ou da BBC.

Mas o "fato" que poderia conferir a este assunto uma relevância avassaladora teria que ser a existência de vínculos comprovados com alguma conspiração maior e ainda mais ameaçadora. Sem esses vínculos, este crime poderia fazer parte das histórias de homicídios ligados às drogas na zona sul de Londres


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