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Reino Unido pede perdão por repressão violenta no Quênia

Governo promete indenizar sobreviventes de revolta que matou 12 mil; avô de Obama, que morreu em 1979, foi um dos torturados

BERNARDO MELLO FRANCO DE LONDRES

Depois de mais de meio século, o governo do Reino Unido fez um pedido formal de desculpas e anunciou ontem que vai indenizar 5.228 sobreviventes da repressão violenta ao movimento pela independência do Quênia.

A revolta dos Mau Mau se arrastou de 1952 a 1963. A reação do Império Britânico deixou ao menos 12 mil mortos e uma das mais profundas cicatrizes do processo de descolonização da África.

Tropas britânicas mantiveram milhares de quenianos em campos de trabalhos forçados, semelhantes aos gulags soviéticos, e usaram a tortura de forma disseminada para sufocar a guerrilha.

Entre as vítimas de maus-tratos estava Hussein Onyango Obama, avô paterno do presidente dos EUA, Barack Obama. Ele sobreviveu ao conflito e morreu em 1979.

O chanceler britânico, William Hague, afirmou que o Reino Unido pagará 19,9 milhões de libras (cerca de R$ 65 milhões) a sobreviventes que pediram reparação.

"O governo britânico reconhece que quenianos foram vítimas de tortura e maus-tratos nas mãos da administração colonial. Lamentamos que os abusos tenham ocorrido e prejudicado a independência do Quênia", disse.

"Tortura e maus-tratos são violações abomináveis da dignidade humana, que condenamos integralmente", acrescentou o ministro.

O anúncio representa uma guinada do governo britânico, que sempre negou culpa pelos crimes e alegava que as vítimas deveriam pedir reparação ao governo do Quênia.

O premiê David Cameron foi obrigado a negociar após um tribunal superior em Londres dar ganho de causa, em 2011, a quatro sobreviventes que processaram o Reino Unido pelos maus-tratos.

O grupo incluía um idoso que foi castrado e uma senhora abusada sexualmente por soldados britânicos. Uma das vítimas morreu antes do anúncio das indenizações.

"Não é suficiente diante dos abusos que nós sofremos, mas aceitamos porque é melhor do que nada", disse o sobrevivente Mathenge Wa Ireri, entrevistado pela BBC.

A pressão sobre o governo britânico teve apoio do arcebispo sul-africano e Nobel da Paz Desmond Tutu e de entidades de direitos humanos.


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