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Brasileiro preso corre risco de extradição para os EUA

Acusado de pagar suborno a uma estatal do Haiti, sobrinho do empresário Herbert Richers está detido no Panamá há mais de 60 dias

RUBENS VALENTE DE BRASÍLIA

Acusado de participar de um esquema de suborno de funcionários do governo do Haiti, o brasileiro Amadeus Richers, 62, está preso há mais de 60 dias numa penitenciária do Panamá e corre o risco de ser extraditado para os Estados Unidos.

A promotoria de Miami o acusa de envolvimento no pagamento de US$ 1,2 milhão (R$ 2,5 milhões) a dirigentes da Teleco, a estatal haitiana de telefonia fixa, entre 2004 e 2005.

Ele nega todas as acusações e diz ter sido alvo de processo à revelia. Morador de Curitiba, Richers foi preso no aeroporto da Cidade do Panamá, quando fazia uma conexão para o Equador. Ele é sobrinho do empresário Herbert Richers (1923-2009), dono de uma conhecida empresa de dublagem no cinema e na TV no Brasil.

O Itamaraty confirmou à Folha que Washington já pediu ao governo panamenho a extradição do brasileiro, a fim de julgá-lo no Estado da Flórida. A decisão sobre a extradição caberá à Corte Suprema do Panamá.

No presídio "La Joya", próximo à Cidade do Panamá, desde 10 de abril, Richers disse à Folha, por telefone, que faltam luz e água para higiene básica, e a comida é a mesma há dois meses (arroz, feijão e ovo). Segundo Richers, a cadeia conta com 535 detentos, para uma capacidade máxima de 250. Ele divide uma cela com sete presos.

"É uma frontal violação dos direitos humanos. Fiquei preso dois dias no aeroporto sem saber o motivo e não pude telefonar para a família ou para a embaixada. Quando chove, tomamos banho de caneca, pois não há água corrente, torneira ou descarga", disse Richers.

ACUSAÇÃO

Richers administra, em Curitiba, uma empresa de importação e exportação de commodities. Até 2007, vivia em Miami, na direção da empresa Cinergy Telecommunications, uma fornecedora de cartões de ligação da Haiti Teleco, principal operadora de telefones fixos do país.

Após investigar os negócios entre as duas empresas, o governo dos EUA apontou pagamentos da Cinergy para Jean René Duperval, diretor de assuntos internacionais da Teleco. Uma das funções de Duperval era fechar contratos com empresas do exterior.

Segundo a promotoria, os pagamentos ocorreram de março de 2004 a março de 2005, variando de US$ 3.000 a US$ 14.000 por mês.

Richers nega ter conhecimento de pagamentos a Duperval. Segundo ele, quem deve explicar as transferências são os proprietários da Cinergy, réus com Richers na mesma ação penal aberta na corte distrital da Flórida.

Os advogados de Richers dizem que a detenção do cliente é parte de uma estratégia do governo americano para pressioná-lo a "depor contra o ex-presidente Jean-Bertrand Aristide", que foi deposto da presidência do Haiti em 2004 em meio a protestos de rua e a um levante dos militares.

"Os EUA oferecem a Amadeus uma delação premiada se ele admitir que havia um esquema de corrupção no governo haitiano", disse à reportagem o advogado Vitor Marcelo Rodrigues.

Em 21 de maio do ano passado, o juiz federal da Flórida Jose E. Martinez condenou Duperval a nove anos de reclusão pelo seu envolvimento com a Cinergy. Ele está preso nos EUA desde então.

Outro ex-funcionário da Teleco, Robert Antoine, também foi condenado por recebimento de recursos de empresas sediadas em Miami.


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