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Chilenos começam a definir quem vai concorrer em eleição

No fim do mês, centro-esquerda e direita escolhem nomes para disputar o pleito presidencial de novembro

Ex-presidente Michelle Bachelet surge como favorita para derrotar governo, apesar de a economia estar em alta

SYLVIA COLOMBO DE BUENOS AIRES

Em artigo recente para o jornal espanhol "El País", o escritor peruano Mario Vargas Llosa chamou a atenção para o "extremismo retórico dos últimos pronunciamentos" da ex-presidente chilena Michelle Bachelet.

Pré-candidata favorita à eleição presidencial de novembro próximo, a líder da Concertação estaria, para o Nobel de Literatura, aproximando-se a uma "certa forma de chavismo".

A discussão é um dos assuntos-chave que antecedem a votação das primárias nesse país, no próximo dia 30 de junho. Bachelet tem proposto fazer uma reforma constitucional que direcione o Estado para atender de forma mais urgente as demandas nas áreas trabalhista, da saúde e educacional.

PRÉ-CHAVISMO

A ideia de que o partido de centro-esquerda que governou o Chile por 20 anos após a ditadura Pinochet possa radicalizar seu discurso é um dos temores dos apoiadores do atual governo conservador, e esperança de renovação da esquerda.

"Há algo de pré-chavismo na concepção de um Estado de bem-estar mais ao estilo latino-americano, que é o discurso da Concertação. Do outro lado, a direita aposta num discurso mais econômico, tentando colocar o foco nos bons índices alcançados por esse governo e na ideia de que é preciso crescer para satisfazer as demandas populares", diz o analista político Guillermo Hollzman à Folha.

É a primeira vez que o Chile fará eleições primárias, que vão definir os candidatos de cada aliança, e para as quais estão aptos a votar todos os cidadãos com mais de 18 anos de idade.

Do lado da Concertação, estão a favorita Bachelet, que em pesquisas de intenção de voto hoje ganharia com quase 60%, o senador social-democrata José Antonio Urrutia e o democrata-cristão Claudio Orrego.

Do lado da Alianza, coalizão do atual presidente, Sebastian Piñera, estão Andrés Allamand e Pablo Longuera. A disputa do lado do governo esvaziou-se com a retirada de Laurence Golborne, popular ex-ministro de Piñera responsável pelo resgate dos 33 mineiros da mina San José. Allamand é mais moderado, Longuera, mais conservador.

"Os governistas agarram-se aos bons índices econômicos, mas estamos vendo que isso, no Chile, hoje, não basta", diz Hollzman.

É A POLÍTICA

O Chile é um dos países que exibem uma das mais estáveis economias, com um crescimento de 5%, queda de desemprego e boa taxa de investimento estrangeiro. Porém, a popularidade de Piñera não corresponde a esses números. A taxa de aprovação do presidente apenas ronda os 30%.

"A direita chilena sofre uma crise de identidade e precisa reinventar-se. Passou 20 anos na oposição fazendo críticas à Concertação, mas não soube corrigir os erros que apontou quando enfim alcançou o poder. No caso do Chile, a crise é política mesmo, a economia impacta pouco", resume Hollzman.

Para o estudioso, o governo perdeu muito crédito ao não saber controlar as demandas dos estudantes universitários, que foram às ruas em 2011 por reformas no sistema de financiamento dos estudos.

O desgaste governista já se havia feito notar em outubro, quando o partido de Piñera perdeu a hegemonia do poder regional, com grande assistência dos eleitores.

Agora, a disputa está mais acirrada no âmbito parlamentar, onde a Alianza luta para manter a maioria do Congresso.


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