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Em baixa, Barack Obama volta a Berlim

Há cinco anos, presidente americano foi ovacionado; agora, enfrentará protestos e pressão do governo alemão

Obama será cobrado por Merkel sobre esquema de espionagem; taxa de aprovação nos EUA cai ao menor nível em 2 anos

BERNARDO MELLO FRANCO ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Ex-queridinho dos berlinenses, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deve sentir hoje a mudança dos ventos, ao iniciar sua primeira visita oficial à capital da Alemanha.

Desgastado pelo escândalo de espionagem em telefones e na internet, Obama chega a Berlim com uma má notícia doméstica: uma pesquisa divulgada pela rede de TV CNN mostrou ontem que a popularidade do presidente caiu oito pontos percentuais neste mês em comparação com maio, recuando a 45% (veja ao lado).

É o menor índice de aprovação de seu governo desde setembro de 2011.

Obama será alvo de protestos na cidade que o recebeu como herói em sua última aparição, durante a campanha vitoriosa de 2008.

Ontem, cerca de 300 manifestantes saíram às ruas para empunhar cartões vermelhos e gritar palavras de ordem contra o presidente diante do portão da embaixada americana.

Eles criticaram a ameaça à privacidade de cidadãos comuns, a manutenção da base de Guantánamo e do bloqueio a Cuba e o uso de "drones", as aeronaves não tripuladas empregadas em operações antiterrorismo.

O ato traduz a transformação do humor local em relação a Obama, que juntou 200 mil pessoas para um discurso a céu aberto há cinco anos.

Amanhã, ele falará para apenas 4.000 convidados no Portão de Brandemburgo, um dos símbolos de Berlim. Estará protegido por forte esquema de segurança.

Todas as ruas no raio de um quilômetro serão fechadas. Ativistas sugerem que o isolamento, na verdade, visa blindá-lo de protestos.

O discurso de Obama ocorrerá no mesmo lugar onde, há 50 anos, em 1963, o ex-presidente americano John Kennedy fez um pronunciamento histórico contra o comunismo, lembrado até hoje pela frase "Ich bin ein Berliner" ("Eu sou um berlinense", em alemão).

Embora marcante, a frase ganhou um involuntário conteúdo humorístico, pois "Berliner" também é o nome de um pão doce semelhante ao sonho, muito popular entre os alemães.

Obama também deve enfrentar constrangimento na reunião com a chanceler alemã, Angela Merkel. O porta-voz de Merkel avisou que ela vai cobrá-lo sobre o escândalo de espionagem. A ministra da Justiça, Sabine Leutheusser-Schnarrenberger, comparou os métodos dos EUA aos da Stasi, a policia política da antiga Alemanha Oriental.

PRÓ-SNOWDEN

Ativistas exaltaram ontem o ex-técnico da CIA Edward Snowden, que denunciou o esquema de espionagem do governo americano. Ele foi apresentado como candidato ao Nobel da Paz, concedido a Obama no auge da popularidade, em 2009.

Manifestantes exibiram cartazes com o rosto do delator estilizado nas cores da bandeira americana, com os dizeres "Yes, we can" ("Sim, nós podemos"), tal como na propaganda eleitoral do então candidato democrata,

"Votei em Obama duas vezes e estou decepcionada. Manter Guantánamo é uma afronta à nossa Constituição", disse a artista americana Diani Barreto, 45. Outros manifestantes empunhavam bandeiras da Síria e uma réplica de "drone" com a cruz de ferro da artilharia nazista.


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